
A PEC da responsabilidade
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Medida que cria teto para despesas do governo é apenas o primeiro passo do esforço que ainda terá de ser feito para consertar mais de uma década de estragos nas contas públicas
O governo deu nessa segunda-feira o primeiro passo efetivo para começar a trazer as contas públicas de volta à normalidade. A aprovação pela Câmara dos Deputados, em primeiro turno, da proposta de emenda constitucional que cria limites para os gastos públicos representa a primeira mudança estrutural em mais de uma década no paÃs.
Foram 366 votos a favor, ou seja, 58 além do mÃnimo necessário. O texto ainda terá que passar por nova votação no plenário da Câmara e depois seguirá, no mês que vem, para apreciação do Senado. Não há outra saÃda senão aprová-lo: nos últimos 15 anos, a despesa do governo subiu em média 6% ao ano acima da inflação, mostra a Folha de S.Paulo. Não tinha como continuar desta maneira.
A vitória é, sem dúvida, indicação de força polÃtica do novo governo. Os votos superaram com folga o mÃnimo constitucional exigido para aprovação de projetos desta natureza. Para cada voto opositor, o governo exibiu três a favor da mudança na Constituição Federal.
Os mesmos que implodiram os pilares da responsabilidade fiscal no paÃs são agora os que tentam impedir a sua reconstrução. Vêm de novo com a mesma ladainha, as mesmas bravatas que marcaram sua experiência pretérita na oposição. Felizmente, ora sem a menor chance de sucesso.
O texto aprovado, que resultou do trabalho do deputado DarcÃsio Perondi, melhorou o original e preservou, de forma mais enfática, os recursos para a saúde – que crescerão R$ 9 bilhões no ano que vem – e a educação, que continuarão vinculados à receita do governo. Abre-se, com a medida, a possibilidade de domar o sorvedouro de dinheiro público em que os orçamentos dos governos foram convertidos nestes últimos anos.
A PEC é somente um primeiro passo para enfrentar o descalabro fiscal do paÃs. Importante, claro, mas ainda muito insuficiente para o tamanho da encrenca deixada pelos petistas de herança para os brasileiros, condensadas nos quatro anos de déficits fiscais consecutivos a serem registrados entre 2014 e 2017, e que perfazem rombo de, pelo menos, R$ 440 bilhões no total.
Sem o mecanismo, a dÃvida pública simplesmente explodiria, superando 100% do PIB na próxima década. Ou até mais, segundo Miriam Leitão. Com ele, o indicador tende a estabilizar-se, ainda que num patamar alto, em torno de 80%, segundo mostra o Valor Econômico em sua edição de terça-feira.
Há aperfeiçoamentos possÃveis na PEC, como os citados por Felipe Salto e Monica de Bolle em artigo divulgado também na segunda-feira. E há, principalmente, todo um rol de reformas estruturais necessárias para disciplinar a série de desequilÃbrios que os anos de governo Lula e Dilma legaram ao paÃs, como na Previdência. O que foi feito supostamente em nome do povo está agora a cobrar enorme sacrifÃcio deste mesmo povo.
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