Tasso Jereissati: o país sabe que, sem reforma da Previdência, a crise permanece

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Há uma consciência no país de que ou se faz a reforma da Previdência, ou a crise perdura por muitos anosâ€. A afirmação foi feita pelo senador Tasso Jereissati (CE) durante entrevista ao programa Globonews Política. O tucano, que é o relator da proposta no Senado, avaliou que quanto menos animosidades o presidente Jair Bolsonaro causar, mais fácil será a aprovação da reforma. “Não é só apertar o botão. Reforma da Previdência, em qualquer parte do mundo é traumático. Considero um milagre até aqui, a Câmara ter aprovado dentro da relativa normalidade, mesmo o presidente tendo ajudado poucoâ€, disse.

“Por seu comportamento de sempre, dizendo que era contra, sinto que o presidente não acredita na reformaâ€, observou Tasso. “O pensamento dele nunca foi reformador. Pelo contrário, sempre foi conservador. Mas tem tido ajuda da equipe econômicaâ€, completou.

Estados e municípios
Na entrevista, que foi ao ar na noite desta quarta-feira (14/08), o senador voltou a dizer que há duas possibilidades para a inclusão de estados e municípios na reforma: a primeira seria replicar, em nova PEC, o que foi aprovado para os servidores da União; e a segunda seria autorizar que governadores e prefeitos repitam, por meio de leis ordinárias, o previsto para os servidores federais.

“Estamos discutindo qual a melhor forma, avaliando o clima, inclusive na Câmara, conversando com o presidente Rodrigo Maiaâ€, contou. “A situação dos estados é tão ou mais grave que a da União. Se não entrarem na reforma da Previdência agora, terão de recorrer à União para conter suas crises fiscais, o que traria outros danosâ€.

Embaixada nos EUA
Tasso Jereissati comentou sobre os riscos da indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro par ocupar a embaixada do Brasil em Washington. “Vejo o início de uma guerra comercial entre Estados Unidos, uma guerra pela hegemonia e que não vai parar tão cedo. E podemos ter um embaixador que nos alinha automaticamente a um dos lados. Tomar posição assim é complicadoâ€, disse.

Segundo o tucano, a indicação de Eduardo enfrenta grandes dificuldades para ser aprovada pelo Senado, embora o governo diga o contrário. Além disso, avaliou, se o deputado tivesse pleno conhecimento da economia norte-americana, de diplomacia e de geopolítica, não seria nepotismo sua indicação. “Mas ele não tem nenhuma dessas qualificações. Está sendo indicado só porque é filho do presidente. Então, é nepotismo, simâ€, afirmou.

Retomada do crescimento
Durante a entrevista, Tasso falou também sobre a demora na retomada do crescimento no Brasil, o que, segundo ele, não pode ser atribuído ao governo Bolsonaro. “A política econômica equivocada do governo Dilma levou à crise fiscal. Houve um deslumbramento a partir do segundo governo Lula. Acreditavam que o sucesso não era graças ao que havia sido feito no passado e começaram a inventar modelos econômicosâ€.

Meio ambiente
O senador avaliou ainda que a forma como Bolsonaro enfrenta as questões ambientais prejudica não apenas a imagem do Brasil, mas também as exportações agrícolas brasileiras, pois uma das tarifas referentes a essas operações considera os danos ao meio ambiente. “Precisamos, nesses casos, mostrar que temos instituições fortes e que fazem contraponto ao presidente, porque ele (Bolsonaro) vai continuar com esse comportamentoâ€, disse.

 

Confira a íntegra da entrevista.

Ponto de vista

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