Nota Oficial: Governo Lula manipula e infla os dados das pessoas que saíram da fome grave em 2023

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Logo após termos acesso ao relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) que o governo Lula usou para alardear que tinha tirado 24,4 milhões de pessoas da fome grave em 2023, verificamos que essa afirmação não se sustentava, pelos seguintes motivos:

1. A coleta de dados da pesquisa ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022, e todas as perguntas feitas aos entrevistados disseram respeito à sua situação alimentar entre agosto de 2021 e janeiro de 2022;

2. Entre esse período e a posse do presidente Lula, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) – Rendimento de todas as fontes: 2022, realizada e divulgada pelo IBGE em maio de 2023, detectou, no ano de 2022, um aumento no rendimento médio mensal real domiciliar per capita entre os anos de 2021 e 2022 em todas as regiões do Brasil.
Segundo a pesquisa, “o recebimento de Auxílio Brasil, em 2022, com valores de benefício superiores aos usualmente pagos pelo Bolsa Família, fez com que o rendimento médio domiciliar per capita se valorizasse em 33,3% no período, passando de R$ 400 para R$ 533. Para os domicílios sem nenhum benefício do programa, o aumento foi menor, mas ainda significativo (15.8%)” (p. 9) (destacamos).
Registre-se que, em dezembro de 2022, o Auxílio Brasil chegou a beneficiar 21,6 milhões de famílias carentes, o que equivale a 54,7 milhões de pessoas, sendo o aumento do rendimento médio considerável também em número de beneficiados, repercutindo direta e imediatamente na melhora de sua situação alimentar.
Aliado a esse acréscimo, também devemos considerar o “ganho de ocupação ocorrido em 2022” (decorrente do início da recuperação econômica pós-pandemia), igualmente detectado pela pesquisa, como fatores que melhoraram a vida dos brasileiros, no período que antecedeu o início do governo Lula;

3. A coleta de dados da PNAD Segurança Alimentar: 2023, realizada e divulgada pelo IBGE em 25 de abril de 2024, que identificou 8,7 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave (o segundo parâmetro adotado pelo governo Lula para chegar aos 24,4 milhões que teriam sido tirados da miséria), foi realizada no 4.º trimestre de 2023, referindo-se à situação alimentar dos entrevistados nos três meses anteriores a essa coleta, ou seja, aos meses de julho, agosto e setembro de 2023.

4. Na falta de dados oficiais para o mês de janeiro de 2023, data da posse do presidente Lula, não havia, matematicamente, como o governo afirmar, como o fez, que reduziu, em 2023, o número de pessoas que viviam em situação de insegurança alimentar grave no Brasil em 24,4 milhões de pessoas.
Esse número fica ainda mais irreal se considerarmos que a redução teria sido efetuada nos primeiros seis meses de governo, já que os dados coletados pela PNAD Segurança Alimentar: 2023, conforme acima mencionado, referiam-se ao período compreendido entre julho e setembro daquele ano.
Na última quarta-feira (24/7), foi divulgado o relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo, produzido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apontando que, no triênio compreendido entre 2021 e 2023, 6,6% da população brasileira (ou 14,3 milhões de pessoas) enfrentou situação de insegurança alimentar grave no período.
Em comparação com o relatório do ano passado, que abrangeu o período compreendido entre 2020 e 2022, houve um recuo de 14,5%, o equivalente a 6,8 milhões de pessoas.
O cotejo entre os dados desses dois relatórios da FAO, cuja base de dados é atualizada a partir das informações oficiais divulgadas por cada país, demonstra que o número de pessoas retiradas da situação de insegurança alimentar grave é, na realidade, bem menor do que o divulgado pelo governo Lula, que afirma ter, no combate a fome, sua “principal bandeira”.

Aécio Neves
Presidente do Instituto Teotônio Vilela

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