História da Política Social do Brasil e o PSDB – 5 Financiamento da Assistência Social – Primeira Fase
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Este é o quinto texto de uma série de 10 que resgatam a trajetória do PSDB na construção e fortalecimento das políticas sociais no Brasil. Ao longo dos próximos artigos, vamos mostrar como o partido teve papel decisivo na regulamentação, institucionalização e avanço da Assistência Social como direito de cidadania e dever do Estado.
Você consegue acreditar que, até 1995, os repasses de recursos para entidades assistenciais eram feitos por meio de convênios assinados em Brasília? Pois era assim.
A responsável era a LBA, que celebrava os convênios e realizava as prestações de contas. O resultado eram toneladas de papéis, atrasos de mais de seis meses nos repasses e um prejuízo enorme tanto para o trabalhador social quanto para os usuários.
Era preciso coragem, capacidade e responsabilidade para mudar. Outro detalhe é que os estados e municípios não participavam de nada: sequer sabiam quem recebia recursos e o que era feito com eles. Não havia controle, supervisão ou garantia de qualidade. Era uma confusão perfeita e um enorme desperdício de dinheiro público.
Foi o PSDB que, em 1995, implantou o Fundo Nacional da Assistência Social e iniciou o Sistema Descentralizado da Assistência Social.
Em 1996, os recursos já eram repassados diretamente a estados e municípios, e as prefeituras passaram a formalizar os repasses com direito à supervisão dos serviços.
Hoje pode parecer simples, mas na época foi um verdadeiro mutirão e uma mudança completa de mentalidade sobre o orçamento público. A gestão do PSDB trabalhou intensamente para que, em apenas 24 meses, fossem criados 26 Fundos Estaduais de Assistência Social, 1 Fundo Distrital da Assistência Social e que cerca de 80% das cidades brasileiras tivessem seus Fundos Municipais de Assistência Social.
Foi uma revolução extraordinária na gestão do financiamento. Ocorreu, de fato, o fortalecimento do poder local. E é importante destacar: estados e municípios recebiam recursos independentemente de apoiarem ou não o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Era um verdadeiro financiamento republicano. O governo federal perdeu poder, mas o que importava era consolidar a política pública da Assistência Social.
Essa primeira fase ocorreu até 1998.
No próximo texto, falarei da segunda fase, marcada pela liberdade para novas modalidades de atendimento, pelo crescimento orçamentário e pela criação das Comissões Tripartite e Bipartite para a pactuação do financiamento. O PSDB tinha absoluta certeza de que este recurso era público, e não partidário.
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Marcelo Reis Garcia Assistente Social
Secretário Nacional da Assistência Social (1999–2002)
Presidente do Colegiado Nacional de Gestores da Assistência Social (2004–2010)
Membro do Conselho Nacional de Assistência Social (2000–2002 e 2004–2009)
Membro e coordenador da Comissão Intergestora Tripartite (2000–2002 e 2004–2010)