Análise ITV: Movimentos unificam forças políticas em defesa da democracia

Publicado em: 6 de junho de 2020

O Governo avança na montagem da sua base junto ao Centrão, mesmo que constrangido. Já são 17 nomeações políticas em 40 dias. O grupo manuseia mais de R$ 50 bilhões do orçamento nacional. Os líderes governistas se esforçam para normalizar essa relação, que quebra um importante discurso de Bolsonaro feito na última eleição de que não haveria troca de cargos por apoio político.

Essa coalizão em formação ainda não passou por nenhum grande test drive, uma vez que ela está sendo montada para conter o ímpeto de opositores que desejem ver abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro. Um momento importante para testar essa base será na próxima reunião do Congresso Nacional que irá analisar os vetos presidenciais sobre o PLP 39, que trata do congelamento dos salários de servidores públicos. Mantido o veto, o governo demonstra força e organização; e o Centrão se credencia para abocanhar novos cargos.

O inquérito das fake news continua a avançar. O tom do Governo é elevado no confronto com o STF, tendo como alvos principais os ministros Alexandre de Moraes e Celso de Mello. Esse posicionamento belicoso do Governo aumenta as tensões e um clima de desconfiança cada vez mais crescente de que o objetivo seja de um golpe ou de uma tentativa de amordaçar outros Poderes da República.

Nessa esteira surgem movimentos benfazejos que buscam unificar forças políticas e visões sociais em defesa da democracia, um destaque especial para o Estamos #juntos e o #basta – ambos congregaram políticos, intelectuais, artistas, profissionais liberais. A voz dissonante foi a do ex-presidente Lula, que não assinou por conta da presença de FHC e Michel Temer entre os signatários. Mas diferente de outros momentos, o petista não conta com a mesma simpatia de outros membros da esquerda, sendo criticado pelos deputados Orlando Silva e Marcelo Freixo.