Sinais da crise
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A penúria econômica tem se revelado mais grave que o previsto e anuncia-se mais extensa do que se temia. O Brasil será sócio de um seleto clube de 16 paÃses com recessão este ano
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 21 de julho de 2015, No. 1185
É mais que sabido que as perspectivas para a economia brasileira para este ano não são nada boas. Mas a crise tem se revelado mais grave do que se previa e anuncia-se agora mais extensa do que se temia. É a pior recessão que o paÃs atravessa em mais de duas décadas, sem que se consiga enxergar qualquer lume no fim do túnel. Assim como o primeiro, o segundo trimestre foi perdido em termos de atividade econômica. Ainda não se conhecem os dados oficiais do IBGE, que só virão a público em fins de agosto, mas a prévia divulgada pelo Banco Central na semana passada, cobrindo o perÃodo até maio, mostra que a situação do paÃs é bem ruim. Nos cinco primeiros meses do ano, o PIB brasileiro ficou 2,6% menor em relação ao mesmo perÃodo do ano passado. Em 12 meses, a queda é de 1,7%. De janeiro a maio, houve três quedas mensais e duas altas – a última em maio, de irrisório 0,03%. Na decomposição do paradeiro, constata-se que todos os setores estão andando para trás, algo que há muito tempo não ocorria no paÃs. A indústria – também não é novidade – derrete, com baixa de quase 9% na produção registrada no ano; há 44 meses, o emprego no setor cai. As vendas do varejo diminuem 2%, indicando a penúria da crise no bolso dos consumidores. E os investimentos, tanto públicos, quanto privados, minguam. Com isso, a aposta predominante é de que a economia brasileira recue até 2% neste ano. O resultado fará com que o Brasil seja um dos poucos paÃses do mundo a registrar recessão, de acordo com levantamento feito pelo FMI. Trata-se de seleto clube do qual ninguém gostaria de ser sócio. Ele é composto por: Guiné Equatorial (-15,4%), Serra Leoa (-12,8%), Venezuela (-7%), Ucrânia (-5,5%), Vanuatu (-4%), Rússia (-3,4%), Belarus (-2,3%), Iêmen (-2,2%), Brasil (-1,5%), Libéria (-1,4%), Moldávia (-1%), Armênia (-1%), Brunei (-0,5%), Sérvia (-0,5%), Argentina (-0,3%) e Guiné (-0,3%). Diante do tamanho do estrago deste ano, um grupo de bancos e consultorias ouvidos por O Estado de S. Paulo na semana passada passou a projetar recessão também no ano que vem, com queda de até 0,6% no PIB. Na prática, o paÃs se ressente das escolhas equivocadas dos governos petistas, iniciadas por Lula e aprofundadas com Dilma. A correção de rumos em marcha não se mostra capaz de modificar as perspectivas para melhor, uma vez que se baseia num arrocho fiscal rudimentar, calcado no corte de benefÃcios sociais, diminuição de investimentos públicos e aumento de impostos. A economia brasileira clama por reformas que oxigenem o ambiente de negócios no paÃs, ampliem a participação do investimento privado nas necessárias obras de infraestrutura e reatem as empresas sediadas aqui à s cadeias de produção de caráter global. Trata-se de uma agenda que, sem sombra de dúvida, os governos do PT não têm atributos para cumprir.