Os caras… de pau

Publicado em:

O programa exibido ontem pelo PT é o retrato acabado do descolamento entre o partido e o país. A máscara caiu, o castelo de areia desabou, a farsa desnudou-se

Carta de Formulação e Mobilização Política, 24 de fevereiro de 2015, Nº 1308

O destino pregou, de novo, mais uma peça nos petistas. Na mesma hora em que o PT colocava no ar mais uma de suas fantasiosas, cínicas e inverídicas propagandas no rádio e na televisão, o marqueteiro que forjou a narrativa seguida pelo partido nos últimos anos preparava-se para dormir sua primeira noite na cadeira. Nada mais representativo da distância entre o discurso e a prática da legenda que governa o país há 13 anos.

Não sem razão, os dez minutos da falação petista foram acompanhados país afora pela trilha sonora de um dos maiores panelaços da nossa história. O ápice dos protestos deu-se quando Lula, na maior cara de pau, apareceu no vídeo. Foi um minuto e meio em que ele apresentou um Brasil que não existe, um sucesso que seu partido jamais protagonizou. O povo não é bobo.

No texto que lhe deram para ler, Lula citou um monte de estatísticas fora de contexto, mas, convenientemente, deixou de lado a principal informação: com o PT, o Brasil tornou-se o país com o pior desempenho econômico em todo o mundo – à frente apenas da Venezuela, cuja destruição populista nem conta como comparação.

Lula apropriou-se, ainda, de supostas conquistas sociais que já estão ficando no passado, corroídas pela crise-monstro em que suas políticas, aprofundadas por Dilma, nos mergulharam. Basta dizer que, entre 2014 e 2017, a população brasileira deve ficar, em média, 10% mais pobre, em razão da queda do PIB, do desemprego e da inflação. Isso, Lula não fala; isso, o PT esconde.

Sobre as ruidosas denúncias que a cada dia surgem contra ele, “o cara†se calou. Nem um pio do “mais honesto†dos mortais também sobre as suspeitas crescentes de que o sucesso eleitoral dele e de sua pupila deve tributo ao dinheiro sujo da corrupção, surrupiado dos cofres públicos, usurpado da mesma gente humilde que os petistas usam como mera ilustração de suas propagandas mentirosas.

Não bastasse isso, no programa veiculado ontem, o partido que sempre pregou o ódio, que sempre tratou adversários como inimigos e que azucrinou a vida de todos os governos na época em que ainda era oposição diz agora que a hora é de “reunir forças para fortalecer o Brasilâ€. Em favor de quê? Do governo mais corrupto da história? Da gestão mais desastrosa que o país já teve?

Mas o DNA do escorpião não demorou a se manifestar e, dois minutos depois de pedir união, o PT já assacava suas velhas diatribes, sustentando a surrada acusação de que “o Brasil quebrou três vezes†em “governos passadosâ€. Omitiu, contudo, que isso aconteceu nas gestões de presidentes da República que, depois, tornaram-se fieis aliados de Lula e Dilma e ainda hoje compõem a base de apoio do PT.

No velho estilo João Santana, a propaganda petista novamente fez jorrar números fantasiosos, realidades mirabolantes. Será que eles não aprendem que foi esta mentirada que enterrou o Brasil nesta crise sem tamanho? Que é este irrealismo que irrita os brasileiros que buscam uma saída e não veem ninguém no governo capaz de apresentá-la?

O programa petista exagera o passado e esquece o presente. Cita o Minha Casa Minha Vida, programa hoje estacionado, alvo de cortes e mais cortes e que só sobrevive à custa de dinheiro do trabalhador. Lista a vistosa criação de empregos que agora caminha para se transformar na maior destruição de postos de trabalho das últimas décadas. Fala da valorização do salário mínimo, que, com a recessão, sumirá do horizonte pelo menos até 2019.

Menciona, ainda, grandes crises globais, mas não diz que a que o PT patrocina será a maior recessão de todos os tempos na história do Brasil. E ainda tem o disparate de afirmar, pela boca de Rui Falcão, que tudo isso se dá “sem recuar nos direitos, na renda e nos salários dos trabalhadoresâ€. Em que país esta gente vive?

O programa exibido ontem pelo PT é o retrato acabado do descolamento entre o partido e o país. A máscara caiu, o castelo de areia desabou, a farsa desnudou-se. Agora é hora de quem transformou a realidade numa propaganda de margarina para ganhar eleições pague pelo mal que causou ao Brasil. A limpeza já começou. Agora é avançar para que fique claro que as caras eram de pau.

Ponto de vista

Instituto Teotônio Vilela: SGAS 607 Bloco B Módulo 47 - Ed. Metrópolis - Sl 225 - Brasília - DF - CEP: 70200-670