
Onde está o dinheiro?
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Com recursos cada vez mais escassos e diante de despesas que crescem de forma exponencial, como é o caso dos vencimentos do funcionalismo público e dos extremamente custosos privilégios das aposentadorias especiais, torna-se ainda mais imperativo escrutinar onde está indo parar o dinheiro que os brasileiros são obrigados a deixar com o governo.
Um dos ralos do orçamento público são as polÃticas de concessão de subsÃdios, ofertados a granel nos anos dos governos Lula e Dilma sem qualquer controle da sociedade. Estudo divulgado nesta semana pelo Ministério da Fazenda joga um facho de luz sobre este pântano. Sua leitura deveria ser obrigatória para quem se preocupa com os destinos do paÃs.
A polÃtica de expansão desenfreada e irresponsável de concessão de mais subsÃdios, entre benefÃcios financeiros e creditÃcios e renúncias fiscais (chamados de “gastos tributários” no jargão técnico), é explÃcita nas gestões petistas. Entre 2003 e 2016, estes benefÃcios mais que dobraram em proporção do PIB: de 3% para 6,2%. Ao longo de todo o perÃodo, o crescimento dos subsÃdios esteve sempre muito acima da evolução do PIB.
Para tornar os números mais palpáveis, vale dizer que, no total, nestes 13 anos o governo federal, sob Lula e Dilma, despejou R$ 3,5 trilhões em subsÃdios. O valor é suficiente, por exemplo, para bancar um programa como o Bolsa FamÃlia por mais de um século. Será que, direcionados a uns poucos, tais benefÃcios se justificam? Sabe-se que alguns encheram seus bolsos, mas quais os efeitos dessa polÃtica para o conjunto da sociedade?
Nem tudo, porém, é condenável na polÃtica de subsÃdios. Lá estão, por exemplo, pequenas empresas beneficiadas pelo Simples, desonerações de itens da cesta básica, linhas de apoio à agricultura, para ficar em alguns casos minimamente justificáveis. Mas lá estão também fracassos retumbantes como o PSI, sigla que significa “sustentação do investimento”, o mesmo que despencou na era PT: seu percentual no PIB é hoje o menor desde o inÃcio do século (15,4%, conforme o IBGE).
Ressaltam os técnicos da Fazenda que parte relevante dos subsÃdios concedidos no perÃodo alimentou polÃticas industriais, cujo malogro também é mais que evidente. O peso da indústria da transformação no PIB veio decrescendo e hoje é similar ao da década de 1940 – entre 2003 e 2016, caiu de 17% para menos de 12% – e sua produção fÃsica está 21% abaixo do pico, alcançado nove anos atrás, sempre de acordo com o IBGE.
Estes desequilÃbrios do passado também estão cobrando seu preço agora na forma de reembolsos do BNDES e de demais bancos oficiais ao Tesouro Nacional, que cobra de volta o dinheiro repassado nos anos petistas para bancar benefÃcios financeiros e creditÃcios. No primeiro caso, a cifra alcança R$ 565 bilhões desde 2008; no segundo, R$ 39 bilhões, entre Caixa, Banco do Brasil e outros, conforme reportou o Valor Econômico nesta semana.
O estudo do Ministério da Fazenda é oportuno por n+1 razões. Primeiro, por desnudar as escolhas de polÃtica pública custeadas com o dinheiro que os brasileiros recolhem ao Estado. Segundo, por constranger os gestores públicos a tornar decisões mais qualificadas doravante, exigindo a definição de metas e a aferição de resultados de cada real do orçamento público aplicado. É também particularmente relevante e preocupante quando parte do Congresso recusa-se a desmontar as desonerações concedidas nos últimos anos a alguns setores da economia.
Diferentemente da marchinha que diz que “o gato comeu” o dinheiro, o estudo deixa muito claro aonde foi parar a montanha de recursos distribuÃdos pelos governos do PT aos amigos do rei. Dinheiro público não pode servir para alimentar balcão de negócios, como foi a marca das gestões de Lula e Dilma. Deve, sim, produzir bem-estar para toda a população, principalmente os mais vulneráveis e que mais dependem do Estado brasileiro.
– Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica Nº 1692
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