O tarifaço de Dilma já começou (Carta 964)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 08 de agosto de 2014, No. 964

O modelo criado por Dilma Rousseff para o setor elétrico está fazendo água. Ou melhor, está produzindo escuridão. O tarifaço, com alta acentuada nas contas de luz, não está despontando no horizonte; na verdade, ele já está acontecendo. A tentativa de baixar tarifas na marra fracassou. O modelo em vigor vem sendo gestado desde que Dilma era ministra de Minas e Energia. Foi lapidado quando ela ocupou a chefia da Casa Civil e recebeu a cereja do bolo quando, já como presidente, em setembro de 2012, ela convocou rede nacional de rádio e TV para anunciar “a mais forte redução de tarifa elétrica já vista neste paísâ€. Desde então o que se viu foi a antessala do caos. O governo vem torrando bilhões de reais para compensar perdas de concessionárias, as empresas do setor simplesmente pararam de investir, a Eletrobrás está praticamente falida e as tarifas já começaram a voltar a níveis mais altos do que estavam quando a MP 579 foi editada. Ontem, o governo anunciou novo empréstimo para as distribuidoras de energia. São mais R$ 6,6 bilhões, que se somam aos R$ 11,2 bilhões fechados em abril. Do valor da nova operação, bancos públicos bancarão 68%. Dos R$ 17,8 bilhões de socorro até agora, BNDES, Banco do Brasil e Caixa arcarão com 60%. O segundo empréstimo chega apenas quatro meses após o primeiro, e depois de o governo ter reiteradamente afirmado que a operação de abril fora definitiva e suficiente para livrar as empresas do naufrágio. Nada que a gestão petista diz ou faz resiste por muito tempo. Além dos empréstimos, desde 2013 até dezembro próximo o Tesouro terá posto mais R$ 21 bilhões no setor para cobrir custos das concessionárias com a compra da energia mais cara das térmicas e no mercado à vista – R$ 816 por MWh, ante R$ 182 dois anos atrás. Mas o custo dos desequilíbrios causados ao setor desde a edição da MP 579 são bem maiores. A PSR, mais respeitada consultoria do setor, já estimou que a fatura irá chegar a R$ 56 bilhões. Só para comparar, equivale ao dobro do que o Brasil gastou nos preparativos para a Copa. A candidata-presidente nega que haverá tarifaço se ela for reeleita. Até que enfim tem razão: os reajustes-monstro já estão acontecendo. Nesta semana, a Aneel anunciou aumentos de até 35% nas tarifas de concessionárias. Na média, os aumentos estão em 25% neste ano. Vale recordar: em 2012, a redução média foi de 16%. Dilma se considera uma especialista em energia. Também é apresentada como gerente das mais eficientes. Na realidade, a candidata-presidente é uma farsa de cabo a rabo: onde ela toca dá choque; aquilo que promete não faz; o que ela começa não termina. Já deu, né?

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