O Buraco É Bem Mais Embaixo

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País vai acumular seis anos de contas públicas no vermelho. Gastos vão superar arrecadação em R$ 630 bilhões, mais que economia prevista com a reforma da Previdência

Desde a virada da década, as contas públicas do país iniciaram uma viagem sem precedentes ao fundo do poço da irresponsabilidade. Nos últimos três anos, emburacaram de vez e ainda demorarão muito para voltar à superfície. Não há mágica, nem batalha retórica que dê jeito: economia nenhuma sobrevive gastando tanto.

Desde 2014, quando o governo petista “fez o diabo†para reeleger Dilma Rousseff, o governo brasileiro torra mais do que arrecada, sem se importar se a irresponsabilidade com o dinheiro público quebraria ou não o país. Quebrou. No triênio, o déficit acumulado somou R$ 299,5 bilhões. Mas ainda vai aumentar mais, muito mais.

Na semana passada, o governo anunciou a revisão da meta fiscal de 2018, número que consta do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano. Diante das dificuldades para arrumar contas tão depauperadas, o rombo oficialmente admitido subiu de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões, equivalentes a 1,8% do PIB.

Não vai parar por aí. As contas públicas ainda conviverão com o vermelho legado pelo PT até a virada da década: em 2019, espera-se novo buraco, desta vez de R$ 65 bilhões, em lugar de algum saldo positivo, como estimado até então.

Considerada toda a série de déficits, o Brasil terá acumulado perda superior a R$ 630 bilhões ao longo de seis anos – é mais do que o país prevê economizar com a reforma da Previdência em dez anos.

Nada disso, ressalte-se, é da lavra exclusiva do atual governo. É fruto da recessão semeada pelos governos petistas e da irresponsabilidade dos gestores defenestrados graças ao impeachment.

A gestão Michel Temer faz das tripas coração para cortar gastos e ajustar o orçamento, mas a economia não reage a ponto de ajudar a tonificar as receitas. Tampouco aqueles que destruíram as finanças do país se fazem de rogados e colaboram para consertar o mal que perpetraram.

Rombos fiscais significam que o governo precisa endividar-se ainda mais para rolar suas dívidas. Como, desde setembro de 2015, o país perdeu o selo de bom pagador e passou a ser considerado investimento de risco, ficou mais caro financiar-se. A dívida já consome 70% do PIB e ainda vai continuar subindo.

Essa dura realidade deveria ser suficiente para conter os celerados que fazem de tudo para evitar o avanço de reformas estruturantes, argumentando que o remédio para o país é mais e não menos gastos. Essa gente conflita com a aritmética básica, com a responsabilidade mínima e com a honestidade elementar.

As reformas servirão apenas para que as contas públicas não explodam de vez. A situação expressa nos rombos fiscais em série também implica que, qualquer que seja o próximo governo, se tiver compromisso com o país, terá de continuar adotando medidas para frear as despesas e não para acelerá-las, como propõem os irresponsáveis de sempre.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1562

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