
As listas negras do partido da intolerância (Carta 945)
Publicado em:
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 27 de junho de 2014, No. 945
O PT tem uma lógica muito peculiar de fazer polÃtica: quem não está com o partido é tratado como inimigo. O objetivo vai além de derrotar adversários, o que seria do jogo democrático. A ordem é simplesmente exterminar quem se interpõe no caminho dos partidários da intolerância. Sejam eles jornalistas, crÃticos ou polÃticos insatisfeitos com o estado geral das coisas no paÃs. Dois episódios recentes ilustram bem esta forma indecorosa de fazer polÃtica: a divulgação, por parte do vice-presidente petista, de uma “lista negra†de articulistas a serem combatidos pelos partidários da intolerância e a tentativa do ministro de Relações Institucionais – exercitando sua expertise aloprada – de emparedar prefeitos do PMDB do Rio que manifestaram apoio à candidatura de Aécio Neves, revelada ontem por O Globo. Trata-se de método tipicamente petista de fazer polÃtica: a perseguição a adversários com vistas a aniquilá-los. A cada campanha, surge um novo estratagema gestado nos subterrâneos do partido. Nesta sanha, os petistas não se constrangem em utilizar estruturas de Estado para atacar quem querem destruir – vide também o uso de estatais e prefeituras petistas para difamar e disseminar ofensas contra Aécio pela internet. Os episódios nefastos se sucedem: em 1998, o dossiê Cayman; em 2006, o escândalo dos aloprados; em 2010, o dossiê Erenice Guerra (para tentar atingir o presidente Fernando Henrique) e a violação de sigilo fiscal de familiares de José Serra. O que mais, além das duas novas famigeradas listas negras, nos espera na campanha que se avizinha? Felizmente, a vigilância da imprensa sempre tem conseguido impedir que os partidários da intolerância prosperarem. Não fossem a livre manifestação e o firme exercÃcio democrático, estarÃamos arriscados a ver o obscurantismo prevalecer. A luz da liberdade de expressão tem vencido as trevas do autoritarismo. Mas, até quando? A perseguição a quem discorda dos ditames petistas não é fortuita, não é acidental nem irrefletida. O partido cuja bancada mais ilustre hoje dá expediente no presÃdio da Papuda considera que seu projeto é venturoso, mas esbarra na má vontade dos meios de comunicação, dos formadores de opinião – em suma, dos que não lhe dizem amém. Nesta lógica, a melhor arma é a mordaça. Os petistas se julgam arautos de um projeto de transformação do paÃs e, até quando fazem autocrÃtica, transferem para os mensageiros a culpa pela má mensagem. É o que acontece agora, também, quando admitem que a insatisfação com o governo Dilma não é apenas da “elite brancaâ€, mas sim algo disseminado por toda a população. A origem deste mal-estar seria “um pensamento conservador que se expressa fortemente por meio dos veÃculos de comunicação e que opera um cerco contra nósâ€, como disse Gilberto Carvalho em entrevista à  Folha de S.Paulo publicada na segunda-feira passada. Por esta visão, ficamos assim combinados: a corrupção e a incompetência que marcam as gestões petistas foram inventadas em redações de jornal. A lista negra de jornalistas e polÃticos também nos convida a refletir sobre a intenção já manifestada pela candidata-presidente deabraçar a proposta de regulação da mÃdia, acalentada há tempos por setores bastante influentes do PT.  Embora Dilma jure que não aceita discutir o controle de conteúdo, será que dá para acreditar na suposta boa fé da presidente diante da voracidade de um partido sobre o qual ela não tem qualquer ascendência? Afinal, se, sem qualquer legitimidade, o PT já incita uma cruzada contra vozes dissonantes, o que aconteceria se lhes fosse dado poder efetivo para controlar conteúdos jornalÃsticos e encabrestar opositores? Melhor nem pensar. Melhor ainda é agir antes e impedir que os partidários da intolerância prosperem.
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