Acima de tudo, as reformas

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Independente do desfecho da crise, país não pode abrir mão do caminho das mudanças em que vinha perseverando, sob pena de falência do Estado e de explosão da dívida pública

Os desdobramentos dos últimos dias indicam que o país tem plenas condições de atravessar a turbulência atual, aguardando serenamente pela manifestação do TSE dentro de duas semanas. No entanto, independente do desfecho da crise, uma coisa é fora de questão: o Brasil não pode abrir mão de perseverar no caminho das reformas estruturais.

Acontecimentos como a baderna de quarta-feira em Brasília só serviram para ressaltar quem está contra e quem está a favor do país. Enquanto o governo e sua base de apoio se esforçam para manter as coisas nos trilhos, evitando maiores prejuízos à economia, os “do contra” de sempre buscam fazer valer seus privilégios na base da violência.

A simples possibilidade de abandono de votações de matérias cruciais como a reforma das leis trabalhistas, que aguarda apenas a rodada final no Senado, e das novas regras de concessão de aposentadorias e pensões, ainda em seus passos iniciais na Câmara, é capaz de fazer balançar as perspectivas positivas que se levantavam no horizonte da economia nacional.

Se há dúvida quanto a isso, basta verificar os resultados do Tesouro Nacional até abril, divulgados ontem. A despeito de ter contraído enormemente seus gastos no período, o governo central ainda acumula déficit de R$ 154 bilhões nos últimos 12 meses, o que dá 2,4% do PIB. A meta para este ano é chegar a um rombo de “apenas” R$ 139 bilhões até dezembro, o que mostra a aridez da rota ainda a ser trilhada.

O temor é de que, sem as reformas, a dívida pública nacional volte à trajetória explosiva em que estava quando o comando da economia ficou sob as rédeas do PT. Mesmo no curso em que se encontra, ela já se aproxima de 80% do PIB, percentual que facilmente pode aumentar se as novas regras previdenciárias não entrarem em vigor antes de o crescimento das aposentadorias estilhaçar o teto de gastos.

O suspense político só colabora para colocar em xeque a caminhada que vinha sendo trilhada para o ajuste das contas públicas, a retomada da economia e a volta do emprego e da renda. Nada disso recomenda, porém, que as discussões e votações em torno da agenda que interessa ao Brasil deixem de avançar no Congresso.

Nenhum dia deve ser desperdiçado para levar adiante as reformas, apesar das evidentes dificuldades que se elevaram nos últimos dias. Talvez nem seja mais possível manter as tratativas na velocidade que a gravidade do momento exige. Paciência. Mas o fundamental é insistir que estas são mudanças das quais o Brasil definitivamente não pode abrir mão.

A coesão em torno das reformas tem que ser mantida e esse consenso deve perseverar até 2018. Uma vez chancelado nas urnas, emergirá com força multiplicada, abrindo espaço para alterações até mais profundas na nossa defasada estrutura legal. O rumo é este e não há por que dele se afastar.

– Carta de Formulação e Mobilização Política 1592

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