A recessão, de fato

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Dilma e o PT estão produzindo mais um feito histórico: a mais severa retração econômica das últimas décadas. E não fazem a menor ideia de como nos tirar dela

Carta de Formulação e Mobilização Política, 28 de agosto de 2015, Nº 1208

Foi pior do que o previsto. O resultado do PIB do segundo trimestre, divulgado nesta manhã pelo IBGE, revela crise ainda mais brava do que já se temia. A economia brasileira tombou em peso. A recessão, agora tanto de fato quanto técnica, é obra com selo de qualidade do PT. A queda no trimestre foi de 1,9%, na comparação com os três primeiros meses do ano. É o pior resultado desde 2009, e muito acima do que previam analistas. Como já houvera retração no primeiro trimestre (agora revista para -0,7%), o Brasil está oficialmente em recessão. Em relação a igual período do ano anterior, ou seja, o segundo trimestre de 2014, o tombo da produção brasileira de bens e serviços chegou a 2,6%, quinta retração consecutiva e a mais longa sequência de baixas da série iniciada há 19 anos. Desta vez, pelo lado da oferta, nenhum setor de atividade resistiu. Ruíram todos, inclusive a agropecuária, que até o primeiro trimestre ainda vinha apresentando alta. A indústria foi a que se saiu pior, com baixa de 4,3% sobre o trimestre anterior. Do lado da demanda, só as exportações não recuaram no período. Os investimentos tiveram baixa horrorosa, de 8,1% sobre o primeiro trimestre – a oitava retração consecutiva nesta base de comparação – e de 12% em relação ao segundo trimestre de 2014, quinta seguida e a maior desde 1996. A taxa de investimento como proporção do PIB despencou, para 17,8%, a menor desde 2007. Antes esteio do modelo econômico petista, o consumo das famílias também desabou 2%, “explicado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do períodoâ€, segundo o IBGE. O PIB per capita terá várias quedas anuais seguidas, empobrecendo o brasileiro – estima-se que, em dólar, a baixa chegue a 30% neste ano. A economia brasileira é, de longe, a de pior desempenho entre os países da OCDE. Entre 25 nações que já divulgaram o resultado do PIB do segundo trimestre, apenas seis registraram queda. Nenhuma tão acentuada quanto a do Brasil. Dilma Rousseff caminha para produzir o pior resultado econômico desde Fernando Collor e esmera-se em fabricar a recessão mais longeva dos últimos 80 anos. Desde a Grande Depressão, nos anos 1930, o PIB não tem duas quedas consecutivas, algo que agora parece líquido e certo com as perspectivas sombrias também para 2016. Na realidade, o Brasil já está soterrado em recessão desde o segundo trimestre de 2014, de acordo com critérios técnicos usados pela FGV. A penúria atual tende a ser mais severa e sua duração, mais prolongada. Além disso, a crise é fruto de fatores estritamente internos. Não há tsunami, nem marolinha externa que justifiquem o mergulho da nossa economia. Não adianta perguntar para a presidente da República por que estamos tão mal. Ela terá na ponta da língua algumas elucubrações, todas furadas. Pode tentar alegar que “não sabeâ€, como já fez noutra ocasião, ainda em meados de 2014. Pode querer dizer que “levou muito sustoâ€, como na entrevista que concedeu a três grandes jornais nesta semana. Uma coisa é certa: Dilma Rousseff não faz a menor ideia de como nos tirar da enrascada em que colocou o Brasil.

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