A caminho da recessão (Carta 1150)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 29 de maio de 2015, No. 1150

Só há más notícias no PIB que o IBGE divulgou nesta manhã. A economia deu o primeiro passo de uma recessão que deve ser a mais profunda dos últimos 25 anos. Nos detalhes, a situação revela-se ainda mais grave. No primeiro trimestre, a economia brasileira encolheu 0,2% na comparação com o trimestre anterior. Todos os setores e todos os componentes da atividade caíram, com as exceções da agropecuária e das exportações, estas ajudadas pelo câmbio mais favorável. De boa nova, foi só. Caíram a produção de todos os demais setores, os investimentos e, agora, também o consumo, por culpa da “evolução negativa dos indicadores de inflação, crédito, emprego e renda ao longo dos três primeiros meses do anoâ€, aponta o IBGE. O último motor que ainda dava algum alento à economia brasileira parou. Depois de 45 trimestres, ou seja, quase 12 anos, o consumo das famílias teve sua primeira queda: 0,9% quando comparado a igual período do ano anterior. Entre os destaques mais negativos, estão, ainda, a indústria da transformação, com queda de 7% sobre o primeiro trimestre do ano passado, e os investimentos, com baixa de 7,8% na mesma base de comparação. Em ambos os casos, é a quarta retração trimestral seguida. No Brasil do PT, pouco se produz, quase nada se investe e não sobra para poupar. Tanto a taxa de investimento quanto a de poupança mantiveram-se baixas neste trimestre: 19,7% e 16% do PIB, respectivamente, ambas menores que as de um ano atrás. Entre os países que já divulgaram o resultado do PIB do primeiro trimestre do ano, apenas cinco saíram-se pior que o Brasil: Nigéria, EUA, Lituânia, Sérvia e Estônia. Segundo as previsões do FMI, só nove países devem ter recessão mais severa que a brasileira neste ano – quase todos envolvidos em conflitos e/ou desestruturação interna. O governo Dilma já trabalha oficialmente com uma recessão de 1,2% neste ano. Os sinais da crise estão evidentes por toda parte: não há confiança das empresas para investir; não há segurança dos consumidores para consumir; as fábricas estão diminuindo o ritmo e a fila do desemprego só aumenta. Ao paradeiro junta-se a inflação que não cede. Não se enxerga luz no fim deste túnel. As medidas fiscais que o governo do PT ora implementa tendem a agravar ainda mais o quadro, arrochar ainda mais a economia e dificultar mais ainda a vida dos brasileiros. O que já não está bom vai piorar. A verdade é que, com o PT, o Brasil ficou definitivamente para trás. Não há reformas com capacidade de modernizar a economia e atá-la ao bonde do crescimento externo. As escolhas equivocadas do governo petista nos últimos anos estão agora custando caro aos brasileiros. Por quanto tempo mais, ninguém sabe.

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