Investigar Sempre

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A sociedade está vigilante quer que o país seja passado a limpo, para que volte a inspirar nos brasileiros a fé e a confiança em dias melhores

Nos últimos dias, a política brasileira andou destoando da economia. Ao mesmo tempo em que começaram a despontar sinais mais evidentes de melhora da atividade produtiva e recuperação da confiança, avivaram-se receios de que a limpeza pela qual passa o país nos últimos anos a partir da Operação Lava Jato possa sofrer constrangimentos. Que não restem dúvidas: as investigações têm que continuar.

O processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff não se limitou a cumprir a Constituição e retirar da presidência da República uma ocupante que cometeu crime de responsabilidade, afrontou leis fiscais e atentou contra a moralidade pública. Significou mais.

O movimento popular que ajudou a apear do poder o governo mais corrupto da história também exigiu que o combate à roubalheira, à improbidade administrativa e à inépcia de gestão tenha efeitos duradouros. O objetivo é deixar para trás práticas fraudulentas envolvendo dinheiro público, cuja finalidade é uma só: servir à população.

Próxima de completar três anos, a Operação Lava Jato alcança 788 investigados, com 188 prisões. Já desbaratou esquemas em estatais, com a Petrobras à frente, e conluios envolvendo conglomerados privados. Implicou empresários, dirigentes e políticos. Vem fazendo o que dela o povo espera. Um país de riqueza escassa como o Brasil não pode aturar ralos por onde recursos públicos escorram.

É importante que as novas forças políticas que hoje comandam o país tenham isso em conta. Quaisquer movimentos contrários ao andamento das investigações serão rechaçados pela opinião pública. Ir contra esse sentimento popular é tiro no pé.

As decisões precisam ser bem sopesadas, assim como nomeações para cargos-chaves da República. Para ficar num chavão sempre pertinente, os escolhidos precisam ser como a mulher de César: não apenas serem honestos, mas parecerem honestos.

Neste sentido, algumas decisões e declarações no âmbito dos Três Poderes deram margem a questionamentos e sinais de alerta. Tomadas em conjunto, acabam sendo interpretadas por alguns como um plano de tons diabólicos – que não existe!

Um governo que ascendeu ao poder envolto em tamanha esperança popular, sucedendo a um partido que promoveu uma gestão de terra arrasada, deve ter o cuidado de não frustrar expectativas positivas criadas em torno de si e tomar as decisões necessárias para a recuperação tanto do cenário econômico como do ambiente político. A sociedade está mais vigilante do que nunca e pede o mínimo: que o país seja passado a limpo e volte a inspirar nos brasileiros a fé e a confiança em dias melhores.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1525

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