Cadastro Único – Texto 2

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O cadastro estava pronto. Agora era preciso iniciar a substituição dos inúmeros cadastros federais, estaduais e municipais pelo cadastro federal.
Foi tarde demais quando percebemos um erro primário: o CadÚnico havia sido construído e decidido sem a participação dos estados e municípios.

As primeiras reuniões com o Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social (FONSEAS) e com o Colegiado Nacional de Gestores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS) foram muito difíceis. Chegamos a um momento em que acreditamos ser impossível avançar.
Os governos estaduais questionaram a falta de delicadeza, mas foram menos refratários; já os gestores municipais foram muito duros, e tinham razão.
Eram eles que teriam de realizar o cadastro, com suas inúmeras perguntas e páginas, sem suporte tecnológico, sem equipe e sem apoio financeiro.
Estamos falando do distante ano de 2001.
A equipe do governo federal também era mínima, mas muito corajosa. Já havia mais de 1 milhão de cartões do Bolsa Escola distribuídos.
Era preciso cadastrar à mão, digitar os dados e enviá-los para a Caixa Econômica, e nada disso poderia atrapalhar as transferências de renda que chegavam aos usuários.

A partir de agosto de 2001, foi necessário muito diálogo e muitas idas às cinco regiões do país para tratar do assunto com os gestores.
Fui 40 vezes ao Nordeste entre agosto de 2001 e março de 2002. Era fundamental estar perto dos gestores.

Durante a III Conferência Nacional de Assistência Social, no início de dezembro, tivemos uma oportunidade muito maior de negociação com gestores, usuários e com a sociedade civil.
As barreiras, pouco a pouco, foram sendo superadas, mas não foi fácil. O Projeto Alvorada e o Plano Nacional de Segurança Pública ajudaram muito.

Com todas essas dificuldades, atrasamos bastante a unificação da transferência de renda em apenas um cartão, mas essa conversa fica para o próximo texto.

Marcelo Reis Garcia
Assistente Social. Foi Secretário Nacional de Assistência Social, Secretário Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro e o primeiro coordenador da implantação do Cadastro Único no Brasil.

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