Devagar, Devagarinho
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Aos poucos, começam a surgir sinais de que o pior da recessão pode estar ficando para trás. A balança comercial teve ótimo desemprenho e a indústria já não afunda como antes
Aos poucos, ainda timidamente, vão aparecendo sinais de que o pior da monstruosa recessão legada pelo PT ao paÃs começa a ser superado. Os indicativos estão no comércio exterior, mas se fazem notar também na indústria, ainda alquebrada, mas já se distanciando da grossa camada de ferrugem que lhe impregnou durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
Em março, a balança comercial brasileira teve desempenho deslumbrante. Rendeu ao paÃs superávit de mais de US$ 7 bilhões, recorde histórico para o mês, ou seja, em 28 anos, de acordo com as estatÃsticas do MDIC. Nem a barbeiragem da PolÃcia Federal durante a Operação Carne Fraca foi capaz de vergar as exportações globais do paÃs, tampouco as do complexo carne, que subiram mais de 4% no mês.
No mês passado, o Brasil elevou em 20% as suas exportações. Ao mesmo tempo, também aumentou as importações, num indicativo positivo de que a atividade interna pode estar a demandar mais insumos e produtos acabados para atender um mercado em processo de reanimação. Os desembarques cresceram 7% em março.
Já a indústria brasileira, de certa forma, decepcionou em fevereiro. As fábricas produziram apenas 0,1% mais em relação ao mês anterior, bem abaixo das expectativas, e 0,8% menos que em fevereiro de 2016. Em 12 meses, a produção industrial brasileira ainda acumula queda de 4,8%, segundo o IBGE.
Pode parecer ruim, mas já é um alento perto da destruição em massa que se verificava até pouco tempo atrás. Enxerga-se agora um processo de estabilização, que sucede à viagem ao fundo do poço da recessão que a indústria made in Brazil empreendeu até meados do ano passado, quando a queda anualizada era o dobro da atual (-9,7%).
Mais da metade dos setores ampliou a produção em fevereiro, com destaque para o de bens de capital, com alta de 6,5% em janeiro sobre janeiro e de 3% sobre o mesmo mês de 2016. No outro extremo, a produção de alimentos ainda cai (-2,7%), refletindo a dificuldade de consumo das famÃlias. A recuperação será, portanto, lenta e gradual, aponta o consenso dos analistas.
A participação da indústria no PIB não é tão baixa desde os anos 1950, caindo a 11,7%, e o nÃvel de atividade atual ainda mantém-se quase 20% abaixo da máxima, alcançada em meados de 2013. Estamos no mesmo patamar em que estávamos em 2009, logo após a eclosão da crise financeira global.
Da junção dos movimentos do comércio exterior e das nossas fábricas podem surgir vetores de indução da recuperação econômica brasileira. Se a indústria conseguir engatar mais dinamismo – o que, frise-se, ainda não é tarefa simples -, poderá voltar-se ao mercado externo, conquistar mais clientes internacionais e ampliar seus ganhos. O Brasil precisa avançar cada vez mais lá fora e abrir mais espaço para o investimento privado aqui dentro.
– Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica Nº 1558