Um longo caminho pela frente

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A decantada retomada da economia deverá demorar mais tempo do que o desejado. A recuperação que todos anseiam ver em qualquer pequeno detalhe de esparsas melhoras na paisagem, infelizmente, ainda não passa de miragem. Será longa a escalada depois que atingirmos o fundo do poço.

Ontem, veio mais uma confirmação de que a atividade econômica continua descendo a rampa. Em maio, o IBC-Br, calculado pelo Banco Central e que funciona como prévia do PIB, voltou a registrar retração, depois de breve suspiro de alta em abril. Houve nova queda, desta vez de 0,51%. Em 17 meses, foi a 16ª retração e o pior resultado desde 2010.

Com o resultado, ficam praticamente chanceladas as previs̵es de que o PIB brasileiro teve novo trimestre de baixa entre abril e junho passado. Teremos completado dois anos de recesṣo, com quedas em praticamente todos os trimestres Рa ̼nica exce̤̣o foram os ̼ltimos tr̻s meses de 2014, de estabilidade.

Na realidade, até agora o país apenas recuperou a confiança para acreditar que a situação não deve piorar mais do que já piorou. Na prática, temos apenas a constatação de que nada pode ser pior do que um governo de Dilma Rousseff. Embora, formalmente, esta ameaça ainda não tenha sido de todo afastada, ninguém acredita que a insanidade da volta dela ao poder possa ocorrer.

Nem tudo é desesperança. Em alguns aspectos, a economia do país já começou a obter bons resultados. É o caso, por exemplo, do comércio exterior. A balança acumula saldo de US$ 25 bilhões até a segunda semana deste mês, num salto de quase dez vezes em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, o déficit externo também caminha para o melhor resultado em quase uma década.

Parte destes resultados, no entanto, deve-se a um fator negativo: a recessão. Como o consumo, o investimento e a atividade como um todo caem, o país compra menos do exterior e as importações despencam, ajudando a fechar a conta externa. No ano, as importações recuam 28%, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

De todo modo, só será possível comemorar alguma recuperação econômica e uma maior esperança em relação ao futuro quando o mercado de trabalho deixar de demitir, quando a renda das famílias parar de cair, quando a riqueza produzida pelo país voltar a crescer. Sem isso, qualquer sintoma positivo será apenas sonho de uma noite de inverno.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1405

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