Tudo junto e misturado (Carta 961)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 05 de agosto de 2014, No. 961

O estratagema governista para evitar que a CPI da Petrobras cumpra seu papel vai além de ensaiar perguntas de mentirinha e respostas combinadas. Inclui também treinar diretor demitido e usar instalações da própria empresa investigada para montar farsas. Para manter lacrada a caixa preta das negociatas da estatal, esta gente está sempre junta e misturada. A revelação de que foram forjados depoimentos dados por ex e atuais executivos da Petrobras à CPI criada para investigar negócios nebulosos feitos pela companhia nos últimos anos – na maior parte dos quais Dilma Rousseff presidia seu conselho de administração – veio à tona neste fim de semana por intermédio da revista Veja. Soube-se hoje que teve muito mais. Segundo O Estado de S. Paulo, as instalações da Petrobras em Brasília foram usadas para preparar a farsa. Reuniões foram promovidas no gabinete da presidente da companhia, Graça Foster, instalado no segundo andar do prédio da empresa na capital federal. Ali, só a alta cúpula da estatal tem acesso. O chefe do departamento jurídico da Petrobras também integrou o grupo presente na reunião, formado ainda por outros dois funcionários da estatal e assessores da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e das lideranças do governo e do PT no Senado. O grupo estava mesmo disposto a partir “para cimaâ€, conforme ordens de Lula dadas em abril… A montagem do teatro da CPI também incluiu auxílio oficial para ex-dirigentes defenestrados da Petrobras, como Nestor Cerveró. O mesmo apontado pela presidente da República como responsável por relatórios “técnica e juridicamente falhos†que levaram a estatal ao ruinoso negócio em Pasadena: o pagamento de US$ 1,2 bilhão por uma refinaria que pouco antes valia US$ 42,5 milhões. Segundo a Folha de S.Paulo, Cerveró, que levou sete anos para ser punido com demissão após os pareceres desastrosos que embasaram a compra da refinaria americana por valores multiplicados, recebeu treinamento patrocinado pela Petrobras antes de se submeter a depoimento na CPI do Senado, em 22 de maio. O que tanto temem? O jogo na comissão era tão ensaiado que até as perguntas feitas pela bancada chapa-branca se repetiam, conforme apontou a assessoria da liderança do PSDB no Senado. Vai ficando cada vez mais claro o pavor do governo petista diante da possibilidade de a verdade sobre a Petrobras ver a luz do sol na CPI. Quem teme, deve. As novas revelações só reforçam a necessidade de ir mais fundo nas investigações, seja na CPI ou onde mais for. Até porque fica mais e mais evidente que o PT tem muito a esconder na Petrobras. Passa da hora de abrir a caixa preta da companhia. Até para evitar que os petistas que lá se aboletaram não afundem de vez nossa maior empresa.

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