
Os Ventos que Sopram do Norte
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O ambiente econômico tornou-se um pouco mais desafiador nesta semana, após as piruetas dadas pelos mercados financeiros globais nos últimos dois dias. Para o Brasil em particular, as consequências imediatas são, pelo menos, duas: sobre a agenda de reformas e sobre os rumos da polÃtica monetária.
A turbulência – que alguns apelidaram de “crash relâmpago”, em razão da severidade e da rapidez do mergulho dos preços dos ativos – coloca em questão a continuidade da situação benigna que o ambiente externo tem propiciado à economia brasileira. O dinheiro que (ainda) sobra no mundo ajuda a estimular negócios aqui.
Até a última segunda-feira, noves fora arroubos fora de hora, como os que o governo Donald Trump é capaz de cometer, não se vislumbravam riscos maiores nos próximos meses. Não mais. Alguns acreditam que o longo perÃodo de bonança – que levou bolsas de valores a patamares recordes e, no caso dos EUA, a desemprego baixÃssimo e crescimento sustentado, acompanhados de juros minúsculos – pode estar com dias contados.
É mais um recado, se ainda era preciso, para o Brasil. Em especial, para suas lideranças e, mais em particular ainda, para aqueles que têm a responsabilidade de votar matérias no Congresso Nacional. Os ventos que sopram do norte podem ser bem mais gelados do que se imagina.
O Brasil vive bom momento econômico a despeito do desastre expresso no desempenho de suas contas públicas, o amargo legado petista do qual demoraremos mais tempo para nos livrar. É como se, com dinheiro em profusão no mundo, investidores fizessem vista grossa ao alto risco que o descontrole fiscal carrega consigo.
As reformas do Estado, sobretudo a da Previdência, têm condão de começar a atacar o problema do desequilÃbrio orçamentário de forma mais contundente e duradoura. Parte dos parlamentares, contudo, prefere achar que é melhor deixar como está para ver como é que fica. É namorar o precipÃcio.
Parcialmente revertida ontem, a reviravolta dos mercados financeiros também deverá ter consequências na resolução que o Comitê de PolÃtica Monetária tomará hoje a respeito da taxa básica de juros brasileira.
Até agora, esperava-se novo corte, capaz de trazer a Selic para 6,75% ao ano, onde, provavelmente, deve estacionar por perÃodo longo. Agora a decisão tornou-se uma incógnita: juros possivelmente mais altos nos EUA exigem juros mais altos também no resto do mundo.
Os eventos desta semana ensinam que aquilo que, por ora, não passou de susto pode tornar-se pesadelo. Sem reformas, o Brasil é uma espécie de mero caroneiro na prosperidade global. Para não brincarmos com fogo, o melhor a fazer é deixar de empurrar os problemas com a barriga. Votar já uma verdadeira reforma da Previdência tornou-se ainda mais imperativo.
– Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica Nº 1734
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