Ordem de grandeza (Carta 989)

Publicado em:

Carta de Formulação e Mobilização Política, 12 de setembro de 2014, No. 989

A cada escândalo que surge, a administração petista costuma dizer que sua prática não difere da experiência pregressa, ou seja, faz o que outros governos faziam. É uma forma de apenas confundir, sem explicar. Mas a realidade é que a dimensão da roubalheira atual não encontra precedentes na história do país. O partido que se notabilizou por protagonizar o mensalão, agora está diante de sua versão 2.0: o assalto aos cofres da Petrobras para alimentar uma sedente base aliada no Congresso. Nem com a condenação e prisão de seus principais próceres pela mais alta corte de Justiça do país, o PT parece ter aprendido. A delinquência está no DNA desta gente. Aquela que já foi a maior empresa brasileira – a petroleira deveria estar bombando com a exploração do pré-sal, mas vale hoje menos do que uma fabricante de cerveja – está no centro de um esquema que pode ter desviado R$ 10 bilhões dos cofres públicos. Perto do que aconteceu lá nos últimos anos, o mensalão é fichinha. Diz-se que 3% do valor dos contratos fechados por Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento era usado para pagar propinas a ministros de Estado, governadores, senadores e deputados. Tomando-se por base apenas o investido pela repartição entre 2004 e 2012, período em que ele ocupou o cargo, daria uns R$ 3 bilhões. Maior esquema de corrupção já desvendado até agora, o mensalão envolveu apenas uma fração disso: R$ 141 milhões em dois anos, segundo a Procuradoria-Geral da República. De onde, afinal, vinha tanto dinheiro para irrigar o mensalão 2.0 do PT? Basta ver a carteira de obras da Petrobras e a péssima execução dos investimentos para perceber que a estatal foi usada como maná para alimentar a corrupção petista. Os maiores empreendimentos tiveram seus custos multiplicados e os prazos nunca cumpridos. Sabe-se agora por quê. Atualmente sendo erguida em Pernambuco, a Abreu e Lima, por exemplo, tornou-se a mais cara refinaria já feita até hoje em todo o mundo. Seu custo já aumentou nove vezes, passando de R$ 4 bilhões para R$ 36 bilhões, e a obra está quatro anos atrasada. A refinaria de Pasadena foi comprada por US$ 1,2 bilhão meses depois de ter sido adquirida por uma empresa belga pela bagatela de US$ 42,5 milhões. O TCU já identificou prejuízo de US$ 792 milhões e condenou 11 dirigentes da Petrobras a pagar por isso. Na lista também pode ser incluído o Comperj, em obras em Itaboraí, no Rio. O valor do investimento quase dobrou – passou de R$ 19 bilhões para R$ 31 bilhões – mas só metade do inicialmente planejado deve ser feito. A obra também está quatro anos atrasada. Não é difícil concluir que a ordem de grandeza da corrupção petista não tem concorrentes na história brasileira. A campanha de Dilma Rousseff à reeleição diz se orgulhar de combater a corrupção, mas deveria era envergonhar-se de tê-la deixado ir tão longe.

Ponto de vista

Instituto Teotônio Vilela: SGAS 607 Bloco B Módulo 47 - Ed. Metrópolis - Sl 225 - Brasília - DF - CEP: 70200-670