O Golpe da Inflação (Carta de Formulação 1177)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 09 de julho de 2015, Nº 1177

Havia quase 20 anos a inflação registrada num único mês não era tão alta no Brasil. Tratada durante anos com leniência pelo governo Dilma, a carestia foi subindo de escala no país até chegar a níveis insuportáveis como os atuais. Os preços estão pela hora da morte. Em mais uma das diabruras produzidas pelo governo do PT, o índice oficial de inflação atingiu 0,79% em junho, o maior percentual para o mês desde 1996. Segundo o IBGE, a alta acumulada em 12 meses chega agora a 8,89%, maior patamar nesta base de medição desde o fim de 2003. A inflação acumulada em apenas metade do ano já está pertinho do limite superior admitido para o ano todo, segundo a política monetária em vigor: são 6,17%, para um teto de 6,5%. Nos seis primeiros meses de 2014, havia sido 3,75%; em todo o ano passado, foi a 6,41%. Em tudo, ficou mais difícil viver no país nestes últimos meses. A alta dos preços é generalizada. De cada 100 produtos, 68 ficaram mais caros no mês passado. Preços como o da cebola, que subiu 148% desde janeiro, ou o da energia, com alta acumulada de 58% ao longo dos últimos 12 meses, estão de chorar. O pouco alívio identificado por analistas repousa sobre a inflação dos serviços, que continua alta, mas subindo menos. Ainda assim, isto se deve à maior dificuldade das pessoas para consumir, por causa do dinheiro mais curto. Em compensação, a possível alta do dólar em consequência da crise que ameaça arrastar a China tende a manter os preços mais altos. As apostas predominantes são de que os índices de preços subirão mais de 9% até o fim do ano. Para os mais pobres, esta já é a inflação que está lhes corroendo o bolso atualmente. O índice que mede a inflação da baixa renda (IPC-C1) acumula alta de 9,52% nos últimos 12 meses, segundo a FGV. Em cidades como Curitiba, a inflação oficial já voltou a ser de dois dígitos, algo que era comum até que o Plano Real derrotou a carestia, mas há muitos anos não se via no país. Na capital paranaense, o índice acumulado em 12 meses alcançou 10,2% em junho. Na notória entrevista concedida à Folha de S.Paulo na segunda-feira, a presidente Dilma se disse disposta a “fazer o diabo†para segurar a recessão e consertar a economia. Se for isso mesmo, estamos fritos. Da última vez que invocou o capeta, ela assaltou os cofres públicos e protagonizou a maior empulhação eleitoral da história para obter a reeleição. Resta esperar que as iniciativas da presidente – sempre eivadas de enorme improviso e, não raro, embaladas em equívocos – não tornem ainda mais difícil a vida dos brasileiros, já torturados pela inflação, pelo desemprego e pela total ausência de perspectiva para a retomada do crescimento. São os golpes que o governo do PT desfere na população.

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