O conjunto da obra (Carta 1076)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 05 de fevereiro de 2015, No. 1075

Recomenda-se a quem for convidado para dirigir a Petrobras que se inteire antes sobre a visão que a presidente da República tem sobre a empresa e sobre a política que desenvolve para o setor de petróleo no país. Não precisa ir muito longe, porque há menos de dez dias ela a expôs em detalhes na Granja do Torto. Se Dilma Rousseff acredita mesmo no que disse na reunião ministerial da semana passada, a nova diretoria da Petrobras terá poucas chances de êxito. Nada vai mudar, porque a petista crê que está fazendo tudo certo. O conjunto da obra é uma lástima. Segundo a presidente, a empresa que ontem viu sua diretoria pedir demissão “vinha passando por um rigoroso processo de aprimoramento de gestãoâ€. Esta mesma empresa vale hoje um terço do que valia cinco meses atrás e produz o mesmo tanto que previa produzir há nove anos, segundo o primeiro plano de negócios feito pelos petistas no poder. Na Granja do Torto, disse Dilma que a estatal tem “a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no Brasilâ€. Esta mesma companhia reconheceu na semana passada ter se metido em maus negócios, corrupções e equívocos que podem ter lhe custado R$ 88,6 bilhões ou um terço do seu patrimônio. A petista manifestou, ainda, profissão de fé no marco regulatório adotado no país desde 2010: “Temos de apostar num modelo de partilha para o pré-sal, temos de dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo localâ€. Esta ruinosa política está levando a Petrobras a rever seu padrão de exploração de petróleo “ao mínimo necessário†e a cortar seus investimentos em 30%, conforme o plano de ação expresso por Graça Foster há apenas uma semana – agora demitida por falar a verdade. Foi responsável, ainda, por duas quedas seguidas na produção da companhia (em 2012 e 2013) e por repetidos resultados financeiros negativos, ao mesmo tempo em que a estatal se transformava na empresa mais endividada do mundo. O setor de petróleo como um todo está parado no Brasil. A Petrobras é um dos equívocos, o maior deles, do governo do PT na área de energia. Justamente o feudo de Dilma. Justamente aquele setor em que tudo, absolutamente tudo, está dando errado. Onde a presidente pôs a mão deu choque. Nem Dilma, nem o PT sabem como sair desta enrascada e, assim, vemos repetir-se na Petrobras o padrão de solução petista: quando a situação aperta, recorre-se a gente de fora do partido, incapaz de resolver os problemas que cria. Foi assim com Joaquim Levy, agora responsável até por dar jeito no balanço da estatal; deverá ser assim com a nova diretoria. Depois de hesitar por meses, Dilma tem agora poucas horas para achar uma saída. Difícil. O PT e sua política equivocada para o setor do petróleo transformaram a Petrobras numa empresa sem credibilidade, sem crédito, sem sequer um balanço para chamar de seu e agora até sem comando. Um monstrengo sem pé nem cabeça, à beira da bancarrota.

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