O ano do desemprego (Carta 1168)

Publicado em:

Carta de Formulação e Mobilização Política, 26 de junho de 2015, No. 1168

Infelizmente tornou-se tão rotineiro que os jornais já nem dão mais destaque à notícia: o desemprego voltou a subir no país e a renda do trabalhador brasileiro simplesmente despencou mais uma vez em maio. É a chaga mais dolorosa da crise econômica que piora a cada mês. O IBGE revelou ontem que a renda média caiu 5% no mês passado em relação a maio de 2014. É a maior queda desde janeiro de 2004, depois de o indicador já ter diminuído 3% em cada um dos dois meses anteriores. Na média, a remuneração do trabalhador brasileiro é hoje a mais baixa dos últimos três anos. Todos os setores de atividade, todas as modalidades de ocupação sofreram perdas, tanto em termos de baixa nas remunerações quanto de aumento do desemprego. Passou a valer a máxima: feliz de quem ainda continua trabalhando. Mesmo para estes, porém, sobram dias e falta salário no bolso no fim do mês. A taxa de desemprego foi a 6,7% em maio, na quinta alta mensal consecutiva. Um ano antes estava em 4,9%. A estimativa de analistas é de que atinja 9% até dezembro, colocando definitivamente o Brasil no grupo de países com índice de desemprego alto. Entre os jovens, a situação já está bastante pior. A taxa de desocupação para aqueles com idade entre 18 e 24 anos alcança agora 16,4%, com alta de mais de quatro pontos em relação a um ano antes. Em metrópoles como Salvador, chega a 26%. Na semana passada, o Caged já havia mostrado um retrato sombrio do mercado de trabalho, com destruição de vagas de emprego em todos os setores da economia – a única exceção foi a agropecuária. As piores situações são a da indústria e a da construção, com 652 mil vagas eliminadas nos últimos 12 meses. Outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, revela, a partir de um universo mais abrangente, que o exército de desempregados aumentou em quase 1 milhão de pessoas nos últimos 12 meses. Segundo este indicador, a taxa de desemprego já está em 8% no trimestre entre fevereiro e abril. Até as últimas eleições, Dilma Rousseff e o PT não se cansavam de alardear que o Brasil tinha “uma das mais baixas taxas de desemprego do mundoâ€. Apenas um ano atrás, quando lançou uma campanha pelo trabalho decente na Copa, a presidente afirmava: “O desemprego era uma ameaça sempre presente. Felizmente, o Brasil virou esta página da históriaâ€. Infelizmente, não era verdade. Este e o próximo ano deverão ser marcados por uma verdadeira sangria no mercado de trabalho, um dos traços mais visíveis, e certamente o mais aflitivo, do arrocho recessivo que o mesmo PT que metia aos brasileiros hoje promove sem pudor.

 

Ponto de vista

Últimas postagens

Instituto Teotônio Vilela: SGAS 607 Bloco B Módulo 47 - Ed. Metrópolis - Sl 225 - Brasília - DF - CEP: 70200-670