Números imbatíveis (Carta 1014)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 21 de outubro de 2014, No. 1014

É evidente que a pesquisa do Datafolha divulgada ontem e publicada hoje nos jornais serve como luva à estratégia petista de tentar esfriar os ânimos dos eleitores de Aécio Neves. Mas há razões de sobra para acreditar que as chances de vitória tucana continuam presentes e elevadas. A votação é só no próximo domingo. Para começar, a corrida eleitoral mantém-se na condição de empate técnico. Segundo o Datafolha, a petista alcança hoje 52% dos votos válidos e Aécio, 48%. Embora Dilma Rousseff apareça numericamente na frente, a margem de erro de dois pontos percentuais permite vê-los ainda pau a pau da disputa pelos 141 milhões de votos. Se pesquisa decidisse eleição, Aécio não teria passado nem perto do segundo turno. Sua ascensão mal foi captada pelos institutos – todos os institutos – na véspera da votação de 5 de outubro. Quando as urnas foram apuradas, a candidatura tucana saiu-se muito melhor do que qualquer pesquisa previra. O Datafolha mesmo foi um dos que errou mais feio. No dia anterior ao pleito, deu a Aécio 26% dos votos válidos e à petista, 44%. Apurados os votos, o tucano atingiu 34% e Dilma ficou com apenas 42%. Nenhuma margem de erro justifica isso. Os números não batem. O viés comum às pesquisas é sempre o mesmo: tendem a superfaturar os votos favoráveis ao governo e sub-representar os votos da oposição. Uma das explicações técnicas para isso seria um desvio de amostra, a saber: na base pesquisada por institutos como o Datafolha há mais eleitores dos estratos que se identificam mais com Dilma e o PT – renda e escolaridade menores – do que com Aécio. Segundo quem analisa a fundo pesquisas de intenção de voto, só este fator já é suficiente para prejudicar em até 4 pontos percentuais as intenções de voto em candidaturas que têm mais força entre os eleitores de renda média e alta e escolaridade maior, como a de Aécio. Outro fator relevante é a abstenção, que as pesquisas não levam em conta. Ela tende a ser maior no Nordeste, onde o governo costuma ser mais forte, e nos estados onde não haverá segundo turno. Considerando as votações de primeiro turno, este componente também tende a pesar a favor da candidatura de Aécio. Tudo considerado, resta evidente que a atual disputa pela presidência da República continua duríssima. A realidade indica que, na pior das hipóteses, Aécio e Dilma disputam a vitória cabeça a cabeça. Não há nenhuma indicação evidente de que a candidata à reeleição tenha, efetivamente, vantagem no momento. Há, isto sim, sinais manifestados pelos brasileiros país afora de que querem um Brasil novo, melhor e diferente do que aí está. Diante disso, a candidatura oficial foi buscar forças na sua velha e suja estratégia de difamação, boataria e ódio. Quem está desesperado são eles.    

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