
Ministério na Papuda
Publicado em:
O PT e o governo querem transformar Lula em ministro de Estado com único intuito de livrá-lo do risco iminente de prisão. Melhor confissão de crime não poderia haver
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 10 de março de 2016, Nº 1319
As investigações em torno da organização criminosa que há mais de uma década vem sangrando o paÃs – e que nos conduziu à maior crise polÃtica, ética e econômica da nossa história – deram passos decisivos ontem. A lista de irregularidades que exibe o nome de Luiz Inácio Lula da Silva à frente pode estar começando a ser punida.
O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo as alegações, Lula ocultou patrimônio na forma de seu lauto trÃplex à beira-mar, reformado e equipado de mimos por uma das empreiteiras mais ativas do petrolão. Os promotores não têm dúvida de que o petista é o verdadeiro dono da cobertura. A esposa de Lula e um de seus filhos também foram denunciados.
O trÃplex é o primeiro item da lista em que as investigações avançam. Ainda há o sÃtio de Atibaia (SP), as palestras misteriosas (porque nunca vistas), a negociação de medidas provisórias, os contratos milionários de seus filhos em troca de consultorias chinfrins, os imóveis onde a famÃlia Lula da Silva viveu a vida inteira de favores e até os contêineres lotados de sabe-se lá que tipo de presentes que o ex-presidente mantém, até pouco tempo atrás bancado por empreiteiras.
Sobre este rol de irregularidades, os investigados não são capazes de balbuciar qualquer explicação decente. De sua parte, o PT e o governo já dispõem de resposta: querem transformar Lula em ministro de Estado com único intuito de livrá-lo do risco iminente de prisão. Melhor confissão de crime não poderia haver. Inevitável lembrar frase dita por Lula em 1988: “Quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Rico quando rouba vira ministroâ€.
A simples cogitação de tornar Lula ministro de Estado também denota o estágio terminal em que se encontra o governo de Dilma Rousseff. Com ele no ministério, a presidente se tornaria definitivamente uma peça figurativa, um fantasma, um poste sem lâmpada. Provavelmente, contudo, não haverá tempo hábil para isso: o impeachment ou a cassação a esperam.
No caso de Lula, as punições que podem advir das investigações do Ministério Público de São Paulo ou da Operação Lava Jato são respostas à queles que, do alto de seu poder, acreditam que tudo podem. São, também, um revide aos que colocam seus interesses particulares acima dos coletivos – basta citar, no caso especÃfico, que os demais condôminos fraudados pela Bancoop, a responsável original pela obra no Guarujá, foram deixados à mÃngua, enquanto Lula ganhou de presente uma reforma de R$ 1 milhão.
O ex-presidente ainda está apenas na condição de denunciado. O próximo passo, uma vez aceita a denúncia, é torná-lo réu. Julgado, pode ser condenado e passar uma temporada atrás das grades. Se os petistas insistirem em torná-lo ministro do governo de Dilma, Lula pode inaugurar uma nova modalidade de ministério: aquele que funciona atrás das grades.
Ponto de vista
Últimas postagens
Artigos


“A democracia representativa não será demolida”, por José Serra
Leia mais >
“O papel do PSDB é servir ao paÃs”, por Bruno Araújo
Leia mais >
“A Geleia Geral brasileira e o longo caminho pela frente”, por Marcus Pestana
Leia mais >
“A repetição de erros pelo PT”, por Marcus Pestana
Leia mais >