
Irrealismo fiscal (Carta 1031)
Publicado em:
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 13 de novembro de 2014, No. 1031
A irresponsabilidade do governo petista no trato das contas públicas do paÃs parece ilimitada. Não é apenas a tentativa de, agora, obter do Congresso carta branca para transformar o que é rombo em superávit. É também o patente desconhecimento sobre as reais condições das contas públicas expresso pela presidente da República. Ontem, depois de sua escala numa luxuosa suÃte presidencial em Doha, Dilma Rousseff disse que a situação fiscal do Brasil é “bastante diferenciada†se comparada à dos demais paÃses que compõem o G-20. Segundo ela, estamos bem na fita, com “uma das menores dÃvidas (públicas) lÃquidasâ€. A presidente pretende, com isso, defender o drible fiscal que seu governo propõe. Dilma diz que o Brasil é uma das poucas economias relevantes do mundo que não terá déficit neste ano – estarÃamos no zero a zero, segundo ela. Mas ignora que entre os 19 paÃses do G-20 só quatro deverão ter rombo fiscal maior que o nosso, segundo escreve Vinicius Torres Freire na Folha de S.Paulo. Na realidade, a situação das contas públicas do paÃs está entre as piores do mundo: é alta em proporção do PIB, é cara e é de curtÃssimo prazo. Quando Dilma assumiu o governo, a dÃvida pública bruta era de 53,4% do PIB; hoje chega a 61,7%, com aumento de mais de oito pontos percentuais em menos de quatro anos. O que isso produziu de desenvolvimento? Nada! O descontrole já é um fato. Em auditoria sobre a contabilidade oficial, o TCU descobriu que o paÃs produziu déficit fiscal de 0,9% do PIB ou R$ 43 bilhões em 2013, e não um superávit, quando se excluem das contas os malabarismos que se tornaram praxe com o petismo. Para o governo, o que houve foi um saldo de R$ 77 bilhões. Há descompasso evidente entre o que o governo arrecada e o que gasta. Até setembro, as receitas cresceram 6,4%, mas as despesas aumentaram o dobro disso: 13,2%. Este tem sido o padrão nos últimos anos. Quando se apuram todas as receitas e todas as despesas, o caixa do paÃs hoje fecha no vermelho no equivalente a 4,9% do PIB. É o maior déficit em 11 anos, analisa a Folha. O gasto do governo brasileiro com juros, considerando União, estados e municÃpios, bate em 5,5% do PIB. Só Grécia e LÃbano, que não são modelos econômicos para nada nem para ninguém, consomem tanto dinheiro quanto o Brasil com esta despesa. Das duas uma: ou Dilma Rousseff ignora a gravidade da nossa situação fiscal ou age com absoluta má-fé ao receitar maior leniência no trato do dinheiro pago pelos contribuintes brasileiros. A petista caminha a passos largos para quebrar o paÃs e nos transformar novamente em párias no concerto econômico global.
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