Golpes contra os trabalhadores (Carta 1178)

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Carta de Formulação e Mobilização Política, 10 de julho de 2015, Nº 1178

O emprego dos brasileiros está sendo golpeado pelo governo do PT. O desemprego não para de aumentar, os salários estão apanhando da inflação e, como contrapartida, o que a presidente Dilma Rousseff tem a oferecer é limar direitos dos trabalhadores ou propor algum plano de efeito restrito. Segundo a Pnad Contínua, do IBGE, o desemprego atingiu 8,1% no trimestre entre março e maio. Mais ampla entre as três que auscultam o mercado de trabalho, com campo em 3.500 cidades, a pesquisa mostrou que temos agora 8,2 milhões de desempregados. Em um ano, este exército aumentou 18%, o que significa mais 1,3 milhão de pessoas sem emprego. Estão diminuindo tanto os empregos com carteira assinada quanto os sem carteira. Motor do mercado de trabalho nos últimos anos, as micro e pequenas empresas já demitem mais do que contratam – é a primeira vez que isso acontece desde 2009. A saída dos demitidos tem sido fazer bicos, os chamados empregos “por conta própriaâ€. Nos últimos 12 meses, de cada 100 pessoas que tentaram entrar no mercado de trabalho, apenas 19 conseguiram emprego, mesmo assim de forma precária. Há um ano, quem procurasse uma ocupação encontrava. No ano, segundo o Caged, já houve 244 mil demissões a mais do que contratações no país; o saldo negativo registrado em maio foi o maior em 23 anos. Sem emprego e com a inflação comendo solta, os brasileiros estão ficando mais pobres. No final de junho, outra pesquisa do IBGE, a PME, havia revelado queda expressiva no rendimento médio dos trabalhadores: 5% em maio. Além disso, nos seis meses desde novembro a massa salarial já diminuiu 10% no país, calculou o Valor Econômico. Numa tentativa de resposta à crise, nesta semana o governo anunciou um plano para evitar demissões. Seu principal ingrediente é cortar os salários dos trabalhadores em até 15%, junto com a jornada de trabalho. Numa hora em que o desemprego surge como maior fantasma, ganhar menos pode até não soar tão mal. Mas a abrangência do programa limita-se a 50 mil trabalhadores de alguns poucos setores, o que é, segundo todas as pesquisas hoje disponíveis, apenas uma fração da quantidade de gente que perde emprego em apenas uma semana hoje no Brasil. O plano é, portanto, acanhadíssimo. Direitos trabalhistas já haviam sido açoitados pelo governo como parte do arrocho fiscal em marcha. Primeiro foi o seguro-desemprego e, na semana passada, com requintes de crueldade, o pagamento do abono salarial de milhões de trabalhadores foi postergado deste ano para o ano que vem. Com a medida, cerca de R$ 8 bilhões da conta do ajuste foram empurrados para os que menos têm. São os golpes da gestão petista doendo no lombo e na carteira – de dinheiro e de trabalho – dos brasileiros que mais precisam.

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