Dilma em cadeia

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Seja em cadeias nacionais de rádio e TV, ou supostamente protegida em pronunciamentos veiculados na internet, Dilma Rousseff parece, a cada dia mais, falar para as paredes

Carta de Formulação e Mobilização Política, 08 de setembro de 2015, Nº 1214

Dilma Rousseff é a presidente da República que mais vezes utilizou cadeias nacionais de rádio e TV para se dirigir aos brasileiros. Até pouco tempo atrás, qualquer razão era motivo para ela exercitar sua prolixidade em pronunciamentos à nação. Não mais. Temerosa de vaias e panelas, ela agora prefere o ambiente protegido da internet. Nem por isso suas palavras deixam de expressar fantasias. Ontem foi ao ar um vídeo em que a presidente se manifesta sobre o Dia da Independência. Desta vez o cenário foi sóbrio, a trilha sonora contida e até a maquiagem antes irretocável deixou à mostra as olheiras de uma presidente abatida. Em longos oito minutos, Dilma parecia falar a partir de um calabouço, tão isolada se revelava na tela. O choque de realidade imposto à produção sempre cara das propagandas petistas – porque é nisso que as cadeias oficiais foram convertidas – não abarcou o conteúdo da fala da presidente. De novo, Dilma apresentou versões irrealistas dos problemas nacionais. A crise – nominada uma vez – foi transformada em meras “dificuldadesâ€, repetidas seis vezes. Apenas de leve, de novo, Dilma admitiu erros, circunstanciados por um “se†e um “é possívelâ€. A presidente justificou a falência em que meteu o Brasil dizendo que, por um longo período, o governo petista entendeu que “deveria gastar o que fosse preciso†para garantir emprego, renda, investimentos e programas sociais. Em português correto, isso significou torrar o que o país tinha e o que não tinha para levar a economia brasileira à maior recessão em décadas, o desemprego a níveis recordes, os rendimentos dos trabalhadores a perdas inéditas e os investimentos produtivos a uma paralisia como há muito não se via. Dilma, também de forma tímida e enviesada, anunciou a necessidade de “remédios amargos†para “botar a casa em ordemâ€. São os mesmos com que ela e o PT fizeram terrorismo eleitoral. Nenhum brasileiro desconhece que, a cada dia, tomba mais um programa social, como o Fies, o Pronatec ou o Minha Casa Minha Vida. Faltou à presidente, contudo, a altivez de dizer que quem bagunçou o coreto, fez uma festança para poucos, gastou o dinheiro de outrem e agora socializa a conta foi ela mesma, no único intuito de vencer as eleições e perpetuar-se por mais quatro anos no poder. Em apuros, a presidente que se notabilizou por tratar adversários como inimigos e por incitar a divisão do país entre “nós†e “eles†agora pede “união em torno dos interesses de nosso país e de nosso povo (…) colocando em segundo plano os interesses individuais ou partidáriosâ€. A mão que ora afaga é a mesma que sempre apedrejou. O vídeo exibido neste 7 de setembro é um retrato fidedigno de um governo em marcha batida para o ocaso. Seja em cadeias de rádio e TV, ou supostamente protegida na internet, Dilma Rousseff parece, a cada dia mais, falar para as paredes.

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