
Desgoverno (Carta 1053)
Publicado em:
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 15 de dezembro de 2014, No. 1053
O que Dilma Rousseff ainda está esperando para tomar atitude – qualquer atitude que seja – diante da escandalosa situação da Petrobras? A inação da presidente perante a maior empresa estatal do paÃs combina com a postura da petista em relação à sua administração como um todo. Estamos diante de um desgoverno. As denúncias de malfeitos na Petrobras se acumulam e se multiplicam. As irregularidades eram do conhecimento da atual diretoria há anos; as propinas derivadas de negócios escusos eram entregues a domicÃlio, feito pizza delivery; o descompromisso com o interesse público chegou ao cúmulo de permitir a assinatura de contratos com valores em branco. A estatal afunda neste mar de lama. Vale hoje menos do que valia antes de as gigantescas reservas do pré-sal terem sido descobertas – talvez seja caso único na história em que uma riqueza empobreceu uma empresa. O acesso da Petrobras ao mercado de crédito está bloqueado e, com isso, as demais companhias brasileiras também são prejudicadas. A ex-presidente do conselho de administração da petroleira na época do ápice da roubalheira – Dilma esteve nesta posição durante oito longos anos – assiste a tudo impassÃvel. Mantém no comando da empresa uma diretoria que não tem mais autoridade para permanecer nos cargos, sob pena de tornar ainda mais penosa a já difÃcil ressurreição da Petrobras. A Petrobras da conselheira Dilma não destoa do governo da presidente Dilma. A petista chefia um governo à deriva, descaracterizado, esfacelado. Pelo menos metade dos ministros está demissionária há um mês. A equipe econômica é hoje uma hidra de várias cabeças, nenhuma delas pensante. A chefe espera, observa e não age. A situação só piora. Os que se anteciparam e deixaram seus cargos – como Marta Suplicy e Jorge Hage – saÃram atirando. Criticaram a falta de uma equipe econômica “independente, experiente e comprovadaâ€, como fez a ex-ministra da Cultura. Ou apontaram o controle “absolutamente insuficiente†sobre a atividade das empresas estatais, como afirmou o controlador-geral. Desde a campanha eleitoral, Dilma Rousseff tem demonstrado pouco apreço pelo ato de governar. Basta lembrar que, entre agosto e setembro, a presidente foi a seu local de trabalho apenas em cinco ocasiões. Depois, até o fim do segundo turno da disputa, passou 40 dias sem pisar no Palácio do Planalto. O clima é de fim de feira. Mas, infelizmente, ainda nos restam quatro longos anos com Dilma à frente do paÃs. DifÃcil imaginar como atravessaremos este perÃodo se prevalecer o desgoverno que assistimos manifestar-se todos os dias. A petista precisa começar a agir, antes que seja tarde demais.
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