
Clima ruim (Carta 1023)
Publicado em:
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, 03 de novembro de 2014, No. 1023
A ocorrência de eventos extremos torna imperativas ações para fazer frente à s mudanças climáticas. Grande parte do Brasil experimenta hoje a desagradável convivência com uma seca de proporções históricas que, ao mesmo tempo em que assusta, ainda não foi objeto de medidas à altura da sua gravidade por parte do poder público. As evidências do momento preocupante que o clima planetário hoje atravessa se apresentam com força no Brasil. O nÃvel de chuvas continua muito abaixo da média histórica. As usinas de geração de energia estão no menor nÃvel em 20 anos. Oabastecimento de água está comprometido em dezenas de municÃpios. Ao mesmo tempo, a devastação da floresta amazônica avança: no último ano, aumentou 29%, depois de quatro anos de queda. As medições mais recentes mostram que a destruição continua, e num ritmo ainda mais acelerado. Mas, ao invés de agir, o governo federal preferiu esconder as estatÃsticas… O alerta é global. Ontem o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) divulgou conclusões que deverão balizar a reunião mundial sobre o clima a se realizar em dezembro no Peru – dando sequência ao encontro anterior, realizado em Copenhague em 2009. Os alertas são assustadores. Os estudiosos estimaram cenários com as chances de a temperatura do planeta aumentar até 2° C até o fim deste século. Se os combustÃveis fósseis continuarem como base para a produção de energia no mundo, a probabilidade de isso acontecer é de 66%. Se confirmada a previsão, as consequências serão bem piores que a seca que hoje nos esturrica. Como remédio, os cientistas sugerem aumento expressivo do uso de fontes renováveis para a geração de energia, que precisaria ser quadruplicado nos próximos 35 anos a fim de mitigar o aumento das emissões de gases de efeito estufa. Os custos disso são estimados em 0,06% do PIB mundial, uma ninharia frente ao que pode acontecer se nada for feito. O mais preocupante é que, nos últimos anos, o Brasil tem estado na contramão da agenda da sustentabilidade. Tanto na matriz energética – a participação de fontes sujas (térmicas) simplesmente triplicou – quanto nos incentivos à utilização de combustÃveis não renováveis, os sinais emitidos pelos formuladores de polÃticas públicas no paÃs têm sido opostos ao esperado. Os alertas sobre os efeitos das mudanças climáticas se acumulam, e as evidências de que não agir terá consequências cada vez mais danosas também. Nunca antes a sociedade brasileira esteve tão pronta a adotar novas atitudes para evitar que o pior aconteça. São assuntos que, tal como acontece com outros tantos no paÃs, não podem continuar a ser varridos para debaixo do tapete.
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