
Cadê o “Pibão Grandão”, Presidente?
Publicado em:
Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica, Nº 869.
Deu o esperado: o PIB brasileiro cresceu 2,3% no ano passado, coroando um triênio de suprema mediocridade na economia brasileira. Começamos 2013 com a presidente Dilma Rousseff prometendo um “pibão grandãoâ€, mas chegamos ao fim do ano com mais um pibinho da lavra petista.
“Tenho certeza que teremos um 2013 de crescimento e avanço sustentável no nosso paÃs. Vamos ter um 2013 muito próspero, no qual vamos colher todos os frutos dessa trajetória de 2012â€, discursou a presidente em dezembro de 2012. “Quero um pibão grandãoâ€, completou ela depois, em entrevista à imprensa. Nada disso virou realidade. Que surpresa!
Pelos resultados divulgados há pouco pelo IBGE, em linhas gerais fomos salvos do pior novamente pela agropecuária; a indústria foi sofrÃvel, prejudicada em especial por atividades como a petrolÃfera; o consumo, embora ainda crescendo, teve a menor expansão em dez anos; e os investimentos melhoraram, mas mantiveram-se estacionados como proporção do PIB.
Entre outubro e dezembro de 2013, o PIB brasileiro cresceu 0,7%. O resultado positivo do quarto trimestre pelo menos livrou a economia do paÃs de amargar a situação de “recessão técnicaâ€, já que o trimestre anterior havia registrado queda de 0,5% – e o indicador antecedente do Banco Central também aferira retração no último trimestre do ano passado.
Com a cara de pau que lhe é peculiar, o governo pode querer comemorar e dizer que o ritmo de expansão do PIB brasileiro mais que dobrou de um ano para outro, já que passamos do pibinho de 1% em 2012 para o pibinho da hora de 2,3%. Mas, convenhamos: sair de nada para quase nada não é algo que se preste a celebração.
Em média, o PIB per capita brasileiro cresceu apenas 1,07% nos três primeiros anos do governo Dilma. Para ter ideia do que isso significa, basta dizer que, no ritmo atual, levarÃamos 65 anos para dobrá-lo, ou seja, só alcançarÃamos lá por volta de 2080 o que os chineses atualmente conseguem fazer em dez anos.
No ano, a indústria manteve-se como a atividade de pior desempenho entre os setores da economia. Cresceu apenas 1,3%, sendo a extrativa mineral, que contempla a atividade petrolÃfera, o destaque negativo, com queda de 2,8%. A indústria da transformação manteve seu peso na economia do paÃs no patamar mais baixo desde os anos JK: 13% do PIB.
De novo a agropecuária salvou literalmente a lavoura. Cresceu 7% no ano, respondendo por metade da expansão do PIB brasileiro no ano passado. Trata-se, é bom nunca esquecer, de atividade que cresce apesar do governo e jamais por causa do governo, que mais atrapalha o campo do que ajuda. Serviços cresceram 2% no ano.
O consumo das famÃlias expandiu-se pelo décimo ano consecutivo, mas apresentou a menor taxa de crescimento em dez anos: 2,3%, num ritmo equivalente a apenas um terço do que foi em 2010 e também bem abaixo dos 3,2% de 2012.
Felizmente, os investimentos – chamados no jargão dos economistas de “formação bruta de capital fixo†– cresceram 6,3% no ano. No entanto, a taxa de investimento voltou a decepcionar, ficando em 18,4% do PIB, levemente acima dos 18,2% registrados em 2012. Pior ainda foi o desempenho da taxa de poupança, que caiu de 14,6% para 13,9% e encontra-se agora no patamar mais baixo desde 2001.
Com os números divulgados hoje, o Brasil consolida-se na inglória posição de um dos paÃses que menos cresce no continente. Segundo estimativa da Cepal, em toda a América do Sul só teremos avançado mais que a Venezuela no ano passado, depois de termos segurado a lanterna em 2011 e a vice-lanterna em 2012, superando apenas o Paraguai. Pior é que os prognósticos são de que, neste ano, só os bolivarianos chavistas continuarão a nos fazer companhia na rabeira do ranking…
Entre 2011 e 2013, o Brasil cresceu em média 2%, o que faz com que Dilma Rousseff figure no panteão dos presidentes que menos fizeram o paÃs avançar em toda a história da República, ao lado de Fernando Collor de Mello e Floriano Peixoto. A continuar a situação como está, não há risco de a petista deixar esta desonrosa posição. Ela passará para a história como responsável por uma obra medÃocre, sem nenhum “pibão grandãoâ€.
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