Por que parou?

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A delação feita por Joesley Batista e os efeitos que dela decorreram representam um golpe na incipiente recuperação da economia brasileira. A quem interessa brecar a retomada?

Teorias conspiratórias não ajudam a entender realidades tão complexas quanto as que o Brasil tem vivido. Mas ao menos um golpe é inconteste nas gravações e na delação feita por Joesley Batista: contra a economia brasileira. De alguma maneira, ou de maneira talvez central, o réu confesso tornou-se parte de uma sabotagem à recuperação do país.

Faz apenas uma semana, os brasileiros – ou uma parte deles, já que alguns milhões só verão algum alento de fato depois de conseguir um emprego – pareciam começar a alimentar expectativas mais otimistas com o país e a nossa economia.

Isso não é desprezível, tampouco detalhe: a volta do crescimento econômico é condição estrutural para a reconstrução do Brasil e, mais ainda, para impedir a implosão completa das condições de vida da população.

Faz apenas uma semana, comemorávamos o primeiro registro oficial de que a produção nacional havia voltado a crescer depois de três anos de ruínas legados pelo PT. Faz apenas uma semana, discutíamos quanto mais a taxa de juros iria cair, aliviar a dívida do governo e de quem deve e baratear o crédito para quem quer investir e consumir.

Há apenas uma semana passada festejávamos que 60 mil novas vagas de emprego foram abertas no país no mês de abril, pela segunda vez no ano, compensando em parte a destruição massiva de oportunidades de trabalho promovida pela recessão da lavra petista.

Veio então a divulgação da delação, as decisões do Ministério Público e da Justiça, a blitzkrieg sobre o presidente da República. E o Brasil, que tentava se soerguer, agora tem que resistir com ímpeto redobrado para não voltar a andar para trás, como se tornara nossa tônica sob comando de Lula e Dilma.

A quem, afinal, interessa parar o país?

Agora o que se fala é na dificuldade de fazer andar as reformas estruturais, condição indispensável para a reconquista da perspectiva de algum desenvolvimento. A trabalhista resiste no Senado, enquanto a previdenciária balança na Câmara.

Nas últimas semanas, diante da boa chance de o país conseguir, depois de anos, implementar mudanças que corrigem distorções, estancam a sangria de gastos públicos e, principalmente, combatem privilégios e desperdícios, namorávamos a perspectiva de melhoria da classificação de risco e o consequente barateamento do crédito internacional, com novos investimentos. Agora, volta-se a falar em novo rebaixamento do país.

Cabe ao governo, às forças que o sustentam, aos agentes políticos, sociais e econômicos interessados em construir e não em detonar pontes atuar para que sejam dadas respostas adequadas, responsáveis e, sobretudo, em estrito respeito à Constituição para esta crise.

Um ambiente de equilíbrio e serenidade é fundamental para que nossa economia não volte a parar, para que a retomada da geração de empregos de fato se consume, para que as reformas aconteçam e para que o país volte a cuidar melhor de seus cidadãos. Desde a semana passada, isso foi posto em risco.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1589

Brasília – Integrantes de movimentos sociais ocupam o Ministério da Fazenda em protesto contra as reformas da previdência e trabalhista (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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