O Trator da Retomada
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O agronegócio brasileiro tornou-se paradigma mundial de produtividade. É do campo que vem o impulso para a recuperação, mesmo ainda incipiente, da economia nacional
Dentro de mais duas semanas, o paÃs saberá oficialmente se o PIB parou de cair, depois de quase três anos afundando. Os primeiros sinais são positivos e sugerem que a pior recessão da história finalmente pode ter acabado. O trator da retomada está no Brasil profundo do interior.
Ontem o Banco Central divulgou seu Ãndice de atividade relativo ao primeiro trimestre, que funciona como prévia aproximada do PIB calculado pelo IBGE, a ser conhecido em 1° de junho. A economia cresceu 1,12%, após oito trimestres consecutivos de baixa – pela série do IBGE, a queda atual é mais duradoura, de 11 trimestres.
Qualquer que seja o resultado oficial, será certamente um alento perto de onde estava a economia brasileira um ano atrás: no primeiro trimestre de 2016, a atividade caiu mais de 6%. É um salto e tanto, como analisa Sergio Vale, da MB Associados, em O Estado de S. Paulo.
Não há consenso sobre se a retomada que despontou nos três primeiros meses do ano será mantida no trimestre seguinte – em março, já houve recuo de 0,44% na atividade sobre fevereiro.
Investidores, empresas e consumidores ainda estão ressabiados com a continuidade do crescimento econômico, ainda muito depende de uma agenda de reformas difÃceis de serem aprovadas no Congresso. Também por isso, a recuperação em marcha é gradual, paulatina e moderada.
Do que não restam dúvidas, contudo, é sobre a força do setor primário da economia brasileira. O agro está bombando.
O Brasil está colhendo neste ano a maior safra de grãos de sua história. As reestimativas de produção se sucedem, sempre trazendo novas altas. O campo cada vez surpreende mais.
Devem ser colhidas algo em torno de 233 milhões de toneladas de grãos até julho, segundo o IBGE e a Conab. Isso significa alta de mais de 25% sobre o volume produzido no último ano-safra, quando o paÃs experimentou a primeira queda de produção desde 2009.
O Brasil produz cada vez mais ocupando relativamente áreas cada vez menores. Isso significa atuar em consonância com os preceitos da sustentabilidade. Significa também comida mais barata na mesa dos brasileiros – e de gente espalhada pelo mundo todo.
O campo produz hoje 150% mais do que produzia no inÃcio da década de 1990 – data considerada marco na mudança de paradigmas da produção agrÃcola nacional. Significa que, mantido aquele nÃvel de produtividade, o Brasil precisaria de mais 84 milhões de hectares para colher o que colhe hoje. É simplesmente mais que o dobro da área de 60 milhões de hectares atualmente ocupada pela lavoura nacional.
A agropecuária brasileira tornou-se paradigma de produtividade mundial. Muito diferente dos demais setores da nossa economia, em que a produtividade média, na melhor das hipóteses, ficou estagnada ao longo dos últimos anos. Não é difÃcil enxergar: o campo aponta o caminho a seguir.
– Carta de Formulação e Mobilização PolÃtica Nº 1584