O fim da recessão

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A mais grave crise econômica da nossa história fica de lição como experiência a ser aprendida e nunca mais repetida, e de prevenção contra a receita petista de produzir ruínas

Depois de uma sequência de quase três anos contínuos de queda, a economia brasileira finalmente respirou. A alta registrada no primeiro trimestre coroa a retomada que se seguiu à mudança de governo, mas pode ser insuficiente para sepultar de vez a pesada herança recessiva legada pelo PT. Depende dos caminhos que o país conseguirá trilhar, e da superação da atual crise política, a chance de voltar a crescer de forma sustentada.

O PIB brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre do ano na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Segundo o IBGE, a alta interrompe oito trimestres seguidos de quedas. Por outros mecanismos de aferição, a recessão do país é ainda mais prolongada e severa, com início no segundo trimestre de 2014.

A mudança de ares que se operou no país desde o fim do governo do PT ajudou a melhorar expectativas e a reerguer a atividade. A expressiva queda da inflação – que desceu a menos da metade do que era um ano atrás – e a consequente redução da taxa básica de juros – que ontem caiu mais um ponto percentual, agora para 10,25% ao ano – forneceram condições objetivas à melhoria do ambiente econômico.

No lado real da economia, foi sobretudo graças à agropecuária que a economia nacional ressuscitou. A alta em relação ao trimestre anterior foi de 13,4%, a maior desde 1996. O campo está bombando, produzindo a maior safra de grãos da nossa história e ajudando a dinamizar a atividade também da porteira para fora: a indústria cresceu 0,9% no trimestre, no melhor resultado em quatro anos. Serviços ficaram estáveis (0%).

Mas os números divulgados nesta manhã pelo IBGE também trazem resultados muito ruins. Todos os componentes da demanda, como consumo e investimentos, voltaram a cair. Novamente, o destaque mais negativo foram os investimentos, há quatro anos em queda praticamente ininterrupta. Com isso, a taxa de investimentos desceu a seu menor patamar da série histórica do IBGE, para 15,6% do PIB.

Isso significa que, por um lado, as famílias continuam receosas de consumir – muitas delas, 14 milhões para ser mais exato, não têm sequer condições de, por estarem nas estatísticas de desemprego. Do lado dos investidores, o ânimo ainda não voltou e corre risco de continuar adormecido se as reformas estruturais emperrarem em Brasília.

A conclusão que se tira de tudo isso é que o país vem vivendo uma experiência econômica tétrica desde a virada da década. A atividade produtiva está no mesmo patamar de fins de 2010, ou seja, lá se foram seis anos jogados na lata de lixo. Fica de lição como experiência a ser aprendida e nunca mais repetida, e de prevenção ao canto da sereia daqueles que têm a cara de pau de defender a ressurreição da malfadada receita petista de produzir ruínas.

O país precisa redobrar a energia para superar a crise política, perseverar na limpeza da corrupção que os governos de Lula e Dilma transformaram em endêmica e insistir em mudanças profundas na estrutura produtiva, em especial nos gastos públicos. Só assim a pior recessão da nossa história será, de fato, passado. Por enquanto, ainda não é.

 

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1.596

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