O Fardo da Petrobras

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Custos e perdas com negócios mal feitos, gestão perdulária e corrupção avassaladora já superam R$ 109 bilhões desde 2013 e vergam mais uma vez o desempenho financeiro da estatal

Ainda vai levar um tempo até que a Petrobras consiga se livrar do fardo herdado dos anos de irresponsabilidade patrocinados pelo PT na companhia. Os custos e as perdas decorrentes de negócios mal feitos, gestão perdulária e corrupção avassaladora vergaram mais uma vez o desempenho financeiro da estatal.

Ontem, a empresa divulgou os resultados alcançados no terceiro trimestre do ano. Depois de um breve respiro, na forma do lucro registrado entre abril e junho, a Petrobras sucumbiu a mais um prejuízo bilionário. Desta vez, a perda atingiu R$ 16,4 bilhões nos três meses terminados em setembro, a terceira maior da sua história de 63 anos.

Engana-se quem concluir que o prejuízo se deva aos rumos ditados pela nova gestão da companhia, desde maio sob o comando de Pedro Parente. Mais uma vez, o que derrubou os resultados da Petrobras foi o reconhecimento de negócios ruinosos realizados durante os anos de descalabro petista na estatal. O rebaixamento da companhia e do país, com a perda do grau de investimento pelas agências de classificação, também impactou bastante.

O chamado impairment, ou seja, o recálculo do valor contábil de ativos pertencentes à empresa, indicou perdas de R$ 15,7 bilhões no trimestre. Neste balaio, entra dinheiro torrado em investimentos como a refinaria Abreu e Lima, o Comperj, a petroquímica de Suape, navios da Transpetro, térmicas e, em proporção majoritária desta vez, campos e equipamentos vinculados à produção de petróleo e gás.

Não é a primeira vez que a Petrobras reconhece oficialmente em seus balanços que jogou muito dinheiro pela janela metendo-se em negócios, operações e investimentos desastrosos. Em 2013, 2014 e 2015, a companhia já havia lançado nada menos que R$ 93,5 bilhões na coluna de prejuízos de suas respectivas demonstrações contábeis. Vale detalhar para aquilatar melhor os absurdos.

No Comperj, R$ 28,3 bilhões já viraram sal. Na Abreu e Lima (aquela lição para ser “aprendida e nunca mais repetida”, nas premonitórias palavras de Graça Foster), os prejuízos alcançam R$ 11,7 bilhões e em Suape, R$ 5,8 bilhões. Tudo somado, já são mais de R$ 109 bilhões em perdas somente a título de impairment desde 2013 – o que equivale a mais de três anos de Bolsa Família.

Outras baixas contábeis elevam as perdas da Petrobrás a R$ 142 bilhões desde o início da Operação Lava Jato, segundo o Valor Econômico, “o que representa 65% do atual valor de mercado da estatal”. Ninguém é capaz de dizer quando este ajuste de contas com o passado herdado do PT vai parar.

No que diz respeito diretamente aos resultados do trabalho da nova gestão, a Petrobras melhorou. Sem o reconhecimento contábil das perdas, a empresa teria lucrado R$ 600 milhões no trimestre. A produção de petróleo no período foi recorde: 2,87 milhões de barris por dia, dos quais metade no pré-sal. O desempenho mais expressivo, contudo, foi a redução do endividamento, que se tornou quase letal para a companhia.

A dívida bruta teve queda de 19% e encontra-se agora quase R$ 95 bilhões menor do que era em dezembro de 2015; a líquida mantém-se em R$ 325 bilhões. Pela primeira vez desde 2010, a relação dívida/geração de caixa caiu. Uma das medidas para tanto tem sido a venda de ativos – US$ 9,7 bilhões já foram alienados pela atual gestão.

Não vai ser fácil sanear completamente uma companhia que foi usada como epicentro do maior escândalo de corrupção de que se tem registro na história corporativa mundial. Os desdobramentos quase diários da Operação Lava Jato estão aí à vista para demonstrar o quanto a Petrobras foi predada pelo petismo e seus satélites.

Os efeitos e o legado maldito da passagem do PT – aquele partido que se dizia o paladino da moralidade e o defensor do patrimônio público – pelo poder ainda demorarão um tempo até se dissiparem por completo. É uma espécie de bomba de destruição em massa de efeito retardado.

Felizmente, a Petrobras passou a contar com uma nova gestão empenhada em devolver à empresa a pujança que ela já teve, aliada à excelência que seu corpo técnico jamais deixou de sustentar. Além do rigor gerencial, em breve a companhia também poderá se ver livre do cabresto imposto pelo marco legal do pré-sal. Basta que o presidente Michel Temer sancione projeto de lei de autoria do senador José Serra que a libera de ter de participar de todo e qualquer investimento na área, e que o Congresso acaba de aprovar.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1476

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