A Inflação e os Novos Desafios

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A mesma ousadia que venceu a carestia deve estar presente no enfrentamento do baixo crescimento, da desigualdade, da desorganização das contas públicas e do Estado

A inflação brasileira está dizimada. Se conseguimos debelar problema de tamanha gravidade, é porque o país tem condições de, tomadas as decisões corretas, vencer desafios hoje tão relevantes quanto derrotar a carestia foi no passado. A história nos ensina por onde caminhar.

O IPCA está controlado e nada indica que deixará de estar no futuro próximo. Em 12 meses até setembro, o índice aumentou 2,54%, conforme divulgou o IBGE nesta manhã. É o segundo mais baixo dos últimos 18 anos, um dos menores do mundo hoje e, pelo menos até 2021, não se prevê que descole da meta fixada pelo CMN.

Três fatores confluem para êxito tão eloquente: a reorientação da política econômica, sem espaço para a leniência e a irresponsabilidade que marcaram os anos Dilma; a superoferta agrícola, que deixou os alimentos mais baratos (pelo quinto mês consecutivo apresentam deflação); e a recessão, o componente nefasto da equação, que desaqueceu a demanda e, junto, os preços.

Tanto a história recente quanto a história mais longínqua do combate à inflação ensinam algo precioso: com método, decisão e planejamento, é possível vencer desafios que, por duradouros, às vezes parecem intransponíveis. A carestia brasileira era, mas felizmente deixou de ser.

Até o Plano Real, implementado por economistas tucanos em 1994, o país já tentara oito planos de estabilização de retumbante fracasso. Trinta anos atrás não havia nada mais aguardado pela população do que o fim da hiperinflação. E também não havia nada tão pouco crível, dado o histórico de insucessos.

A estratégia enfim deu certo porque seus executores abriram mão de artimanhas e apostaram na transparência e na participação informada dos agentes econômicos. Além disso, a estabilização nasceu acompanhada de um inédito ajuste fiscal iniciado pelo presidente Itamar Franco – mas que, incipiente, precisou ser aprofundado no segundo governo Fernando Henrique.

É de ousadias como estas que o Brasil precisa agora para vencer seus principais desafios do presente: iniciar uma trajetória de crescimento econômico sustentado, diminuir a desigualdade social, pôr ordem nas contas públicas e redesenhar os limites do Estado. De pronto já se percebe que as contendas que agora nos espreitam são bem mais espinhosas, até porque foram deixadas acentuar-se nos últimos anos.

A questão é de oportunidade: o Brasil não conseguirá avançar se não superar estes entraves. Da mesma forma que houve enfrentamento decidido da inflação, é hora agora de encarar os demais desafios, e vencê-los. Não vai ser fácil, não vai ser rápido, mas é incontornável. Quem já mostrou que sabe fazer pode fazer de novo.

– Carta de Formulação e Mobilização Política Nº 1672

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