O PT enquadra o BC

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Quem deveria zelar pela inflação menor baixou a cabeça e aceitou o cabresto de gente que levou o país ao desastre atual. O Banco Central rifou ontem de vez a sua credibilidade

 

Alexandre Tombini achou no relatório do FMI o pretexto que buscava para baixar a cabeça para o Planalto e, pior ainda, fazer o que o PT quer: afrouxar as políticas de combate à inflação e abrir caminho para a volta da falida “nova matriz econômicaâ€.

Ontem, numa atitude sem precedentes, o presidente do Banco Central adiantou o movimento que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve fazer hoje, ao definir a nova taxa básica de juros. As apostas passaram de um quase consenso em torno de um aumento de 0,5 ponto percentual para uma alta menor ou mesmo a manutenção da Selic.

Tombini disse, num comunicado curto, que considerou “significativas†as revisões das projeções de crescimento do PIB brasileiro divulgadas ontem de manhã pelo FMI. Afirmou, ainda, que tais informações seriam “consideradas nas decisões†tomadas pelo Copom.

A manifestação veio após o FMI revisar muito para baixo suas projeções para o crescimento do país neste e no próximo ano e jogar sobre o Brasil a responsabilidade de ser um dos principais fatores de desaceleração da economia global.

A estimativa para este ano é agora de uma queda de 3,5%, ante previsão de recessão de 1% feita em outubro. Para 2017 descartou-se a chance de crescimento, antes estimado em 2,3% e agora igual a zero.

O que o FMI agora diz ter visto com cores mais sombrias, os agentes econômicos brasileiros já vêm percebendo há tempos – no Boletim Focus desta semana, a queda deste ano é projetada em 3%. Será que só agora Tombini resolveu considerar que a economia brasileira está embicada para baixo de forma “significativa†e duradoura, numa mistura tóxica de recessão e inflação em alta?

Importa menos a decisão em si que o BC vai tomar no fim da tarde de hoje sobre os juros. O realmente sério e grave é a sinalização inequívoca de que quem deveria zelar pela inflação mais baixa – este é o mandato que cabe à autoridade monetária – baixou a cabeça e aceitou o cabresto de gente que levou o país ao desastre atual.

Foram as políticas ruinosas de Dilma, seguindo a linha ditada por Lula, e a leniência do BC que permitiram a decolagem da inflação nos últimos anos. Desde 2009 a meta não é cumprida, até que chegamos ao estouro espetacular do ano passado. Vencer a carestia foi objetivo sempre postergado pelo BC para o ano seguinte, e nunca conquistado. Por longo prazo a perspectiva é de preços em forte alta no país.

O temor é de que a possível manutenção dos juros hoje seja o passo inaugural da volta à política malfadada de incentivo irresponsável ao crédito e de impulsos artificiais ao consumo cujo resultado foram preços galopantes, recessão prolongada, desemprego e crise social. É o que o PT anseia e pelo que boa parte do governo torce. O Banco Central conseguiu alinhar-se completamente ao restante da gestão petista: rifou de vez a sua credibilidade.

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